Vishous concentrou na respiração dela, de modo que a sua estivessem em sintonia.
_Minnah está me ouvindo?
_Sim.
_O que está sentindo?
_Nada.
_Isso é bom... Muito bem. Respire fundo. - Vishous disse com a voz rouca, e nesse momento apertou a mão enluvada no centro do peito dela.
Minnah gritou alto, se o debatendo, como se tivesse sendo eletrocutada.
Raghe e Butch seguraram as pernas dela, enquanto Vishous dizia palavras na antiga língua muito baixas, próximas ao ouvido dela. Minnah resistiu um tempo, gritando e fazendo os três irmãos terem dificuldades.
_Não resista Minnah, não resista! Chamem Tohrmenth, sem ele não conseguiremos...
_Mas porque ele?- Raghe perguntou.
_Eu não sei Caralho. Apenas tragam-no aqui. Não conseguirei sozinho! – V berrou e Butch foi quem soltou Minnah e saiu em disparada.
*****
Bateu com força na porta de Tohr e escutou o grito vindo de dentro:
_Porra quero ficar sozinho!
_Irmão! – Butch.
Tohrmenth abriu a porta num segundo, estava molhado, como se estivesse acabado de sair do banho.
_O que houve com ela?- ele perguntou aliviado, por ver apenas Butch em sua porta. Sabia que não deveria ser uma noticia ruim.
_V não consegue trabalhar. Acha que se você estiver próximo ela fique mais tranquila. - Tohr hesitou e Butch continuou – Ela está tendo convulsões terríveis, se eu e o Raghe não estivéssemos lá para segura-la...
Tohr passou por ele tão rápido que não viu o irmão sorrindo vitorioso.
*****
O corpo de Minnah se acalmou por instantes e V perguntou:
_Minnah, está me ouvindo? Pode me ouvir?
_Posso. - ela respondeu débil.
_E o que esta sentindo agora?
_Vazio. Solidão. Frio. Abandono. Medo. Muito medo. AHHHHHHHHHHHHHH
Ela gritou forte assustando a todos ali, e mais uma vez se debatendo, desesperadamente.
Tohr entrou na sala, estava arredio, e se assustou ao ver o modo como Minnah estava.
_Apresse-se irmão. Estamos jogando com o cérebro dela. Não podemos vacilar. - V disse nervoso.
Ele se aproximou, descalço, sem camisa e cabelos molhados, segurou a mão direita dela, com dedos firmes. No instante que ela sentiu a presença, dele, fechou os dedos e se acalmou como se tivesse entrado num sonho. V respirou aliviado, e colocou a mão no peito dela e continuou com palavras no antigo idioma...
Os minutos se passaram arrastando... V continuou incansável com o corpo grande e rígido curvado sobre Minnah, ela suava como se estivesse correndo, alguns momentos respondia V com a voz firme. Assustando a todos. Era algo estranho de se ver como se, fosse um exorcismo. Minnah estremeceu e se debateu fortemente, tão forte que afastou V de seu peito com o impulso. Ela se livrou dos três guerreiros que a tocavam então, se sentou furiosa, os olhos vidrados, as presas arreganhadas, e com um rugido animal.
_Minnah? - Butch chamou, tentando se aproximar devagar.
_Não. Butch. Não é ela... Não tecnicamente. - V gritou, e Butch se afastou, num instante, Minnah se encolheu, perdendo aquele ar feroz, e se encolhendo chorando como um bebê, ou uma fêmea desprotegida. Todos sentiram a mudança no ar.
_Caralho. Que diabos é isso!
_Morda ela Tohr! Agora! Morda-a!
Tohr vacilou. E V gritou.
_Agora! Tohr.
Tohrmenth venceu a distância e a segurou com delicadeza, ela rugiu, com lágrimas nos olhos. E ele sentiu uma pontada no peito, aquele olhar, era como os de sua shellan.
Num impulso ele a segurou firme, e a estreitou em seus braços, ela aceitou o abraço, com abandono. Tohr sentiu as presas se alargarem, e cravou-as profundamente em sua garganta, e sugou com força. Toda a sua frustração, seu desejo contido. O sangue dela agitando seu interior. Sentiu-a gemer e desfalecer, enquanto ele tragava.
V se levantou e caminhou até Wrath.
_Duas almas num só corpo. Duas dores, e uma única vida para se livrarem do caminho que os impede de chegar ao fade. Um guerreiro está voltando. O sangue dela é tão puro. Puro e inocente como o sangue da mahmen que foi levada ao fade ainda com a sua cria dentro de si.
_Vishous, o que isso quer dizer?- o rei perguntou.
_Um guerreiro... Está de volta, antigo e forte. Está nas crônicas, nos livros antigos. - v sentiu o estômago embrulhar, seu corpo tendo calafrios.
_Você está bem irmão?
_Não meu senhor. Caralho... Eu vou desmaiar.
V disse e desmontou ao chão com um baque surdo. Naquele mesmo instante Minnah desmaiou nos braços de Tohr que selou os furos e a chamou suavemente porém em vão.
Butch tentou alcançar V, mas foi interrompido por uma figura vestida de negro materializando em sua frente. Se postou imediatamente.
_Mãe da raça...
_Muito bem guerreiro. Vejo que aprende. - ela disse e se virou rapidamente, cumprimentou Wrath com um aceno e tocou a cabeça de Vishous que despertou e sentou-se confuso.
_Há muito tempo atrás, houve um guerreiro, forte, fiel. Imbatível. Esse guerreiro não era portador de defeitos. Talvez exceto um. Ele não respeitava s fêmeas com quem vivia. Nenhuma delas, escolhidas, civis ou humanas. Aprontou muitas ‘’proezas’’, era cruel e as fêmeas o temiam. Um dia, esse guerreiro se apaixonou, mas a fêmea não o queria, e esse guerreiro a tomou a força, foi cruel com ela, ressentido por não ter sido aceito. A serviu em sua necessidade de maneira bruta e a engravidou. Ela todos os dias rogava... - ela dizia com a voz baixa, quase num sussurro, e os irmãos não ousavam sequer se mexer – para que eu a levasse ao fade. Um dia esse guerreiro ouviu as preces de sua amada, ele mesmo a enviou ao fade, junto com a cria em seu ventre. Eu o amaldiçoei, e tirei toda a descendência dele ao redor do mundo. Ele era um guerreiro másculo, havia espalhado a sua semente, por todo o mundo. E eu percorri os quatro cantos, eliminando o sangue desse guerreiro. Toda a sua descendência era machos, outros guerreiros que viriam, enfim cheguei ao último rastro do sangue. Encontrei uma fêmea, da aristocracia, estava grávida escondida da sociedade, da glymera, a família não tinha orgulho da gravidez, e por essa razão a escondeu. Esperei a natureza agir, a fêmea levou horas até que conseguisse parir a criança. Era uma menina, linda e negra. E tinha o sangue do guerreiro. A pele escura era como se fosse uma marca, de todas as trevas que ele causara na vida de seus semelhantes. - ela suspirou e caminhou até Minnah, e a olhou – A descendência dele vem por gerações e gerações, não pude eliminá-la. Ele era um bom guerreiro, e a irmandade necessitaria de seu sangue. No dia em que Minnah nasceu eu soube que ela era a última, Wellesandra foi assassinada naquele mesmo dia.
Tohr gemeu baixo, apertando Minnah de encontro a si.
_Contra as leis físicas, nem eu posso. Portanto permiti que a essência de Wellesandra permanecesse junto a terra, no corpo daquela criança. E não, Minnah não é uma reencarnação de Wellesandra. Não poderia, Wellesandra está no fade. E o sangue dela, é sangue guerreiro. Por essa razão ela retornou a irmandade. Vishous tem razão, está nas crônicas, nos livros da criação, o tempo da irmandade chegou!
_Minnah é o guerreiro. - Wrath disse. E ela sorriu baixo.
_Não meu rei. Você sempre me faz pergunta com uma afirmação.
_Perdão Analisse.
_Ela gerara o guerreiro. - ela disse olhando a Tohr, que balançou a cabeça negando em pânico sentindo o suor brotar de suas têmporas – Quando chegar à hora, não haverá maneiras guerreiro, é desejo de sua shellan, sua descendência propagara. E muito mais em breve do que você imagina. - ela disse e tocou o ventre de Minnah, que abriu os olhos instantaneamente.
_Tohrmenth... - ela chamou fracamente, e Tohr a olhou, as lágrimas tentando correr pelo seu rosto. Quando olhou para cima novamente. Ela havia partido.
_Caramba... Que história. – Raghe foi o primeiro a dizer.
V se levantou aturdido.
_Então... Por essa razão ela parece ter duas personalidades...
_Eu vou levá-la para o quarto. Acha que ela vai ficar bem Vishous? Ela a tocou, o que isso significa? – Tohr perguntou apreensivo.
_Não faço idéia. Mas se antes já cuidávamos bem dela, agora então é melhor sermos mais cuidadosos ainda. – V concluiu.
E Tohr saiu com Minnah nos braços.
Nenhum comentário:
Postar um comentário