Textos que podem conter conotação sexual, palavras, atos e cenas descritivas de violência e sexo. Só leia se for maior de idade.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Tormentas Cap.39



Cap.39 Tormentas

O coração de um guerreiro pode realmente saltar de seu peito, lidar com a morte é fácil, principalmente quando se está tão perto dela dia após dia, mas lidar com a vida, seu sangue, o nascimento de sua descendência, realmente podia fazer derreter o mais forte dos corações.

Tohrmenth venceu a distância e estendeu as mãos. Seu filho foi colocado em seus braços, suas mãos grandes e fortes o fazendo parecer menor e mais frágil do que verdadeiramente era. Sua respiração se alterou ao ver a criança gemendo e se apertando como se estar fora do útero de sua mãe fosse desagradável.

_Meu filho! - ele sorriu – É meu filho! Um descendente meu respira sobre a terra!- ele disse na antiga língua – Meu filho! - ele gritou a plenos pulmões, levantando a criança acima de sua cabeça e rodopiando - Sangue do meu sangue! – ele gritou sorrindo.

Os outros Irmãos bateram palmas, assoviaram e gritaram. Todos compartilhando a felicidade de Tohrmenth.

_Por Deus meninos, estão assustando o bebê! – Bella ralhou e Beth concordou e estendeu os braços para Tohrmenth.

_Deixe que cuidemos dele guerreiro! Pela Santa Virgem, o menino sai direto do ventre da mãe para uma bagunça dessas. Me dê ele. – Tohrmenth passou com cuidado a criança para Beth. Quando Vishous retornou, todos olharam para ele.

O silêncio reinou por alguns segundos, todos esperando notícias, Tohr estava trêmulo, suas mãos sujas, pois havia segurado a criança.

_Então? Como ela está? – foi Wrath quem perguntou.

_Ela ainda está sangrando, e ficou inconsciente. Jane ministrou uns remédios e a colocou no soro, a pressão arterial está muito baixa, quase não sentimos o pulso. Mas Jane esta monitorando cada segundo.

A temperatura da sala baixou como se houvessem ligado o ar condicionado.

_Calma irmão, Jane está cuidando dela, confio em minha shellan! – Vishous tentou acalmar o Irmão.

Os joelhos dele cederam, ele caiu com um baque surdo e a sua voz se elevou rezando a Virgem Escriba na Antiga Língua.



_Minha mãe não permita que ela se vá. Eu preciso dela e rogo mãe da raça, mãe das mães. Imploro sua clemência, não a deixe partir, sou um homem completamente morto sem ela. E caso ela parta, me permita ir com ela, não poderia viver sem ela.



Todos saíram e o deixaram sozinho no centro da sala com suas orações.



_Guerreiro, sabe que não é justo pedir que tire a sua vida. Deves viver sua sina até o final. – a voz, mansa e suave não o sobressaltou, mas o fez tremer.



_Minha senhora! Estou feliz em estar na sua presença.

_Boa resposta, para quem sofre grande dor.



_O medo da perda é inevitável.



_Devia estar feliz, sua descendência é saudável e forte! Será um dos mais fortes guerreiros.



_Estou imensamente feliz, mas também estou temeroso, não quero perder minha companheira. Já passei por isso, e é como morrer um pouco.



_Sei de seus sentimentos, sei de seus anseios. Você sempre foi um macho de valor e honrado. E essa fêmea estava em seu destino, é uma pena que tenham se desentendido. Mas não importa mais, essa criança está em segurança.



Thor abaixou ainda mais a cabeça, e continuou uma prece silenciosa.



_Você a tomará como sua shellan guerreiro? A honrará como tal?



_É meu maior desejo nesse momento.



_Aceitará toda a sua descendência, todos os filhos que gerarão?



Ele a olhou espantado e mais pálido do que nunca.



_Um olhar também pode ser uma pergunta guerreiro! Mas sim a sua descendência será numerosa, seus filhos e filhas ajudarão a perpetuar e aumentar a nossa espécie. – Tohr engoliu em seco antes de dizer.



_Meu coração palpita com o medo de perdê-la, ter descendentes é sempre um risco que eu não quero correr.



_Eu devia tirar a sua fêmea e sua cria nesse momento. – Tohr fechou os olhos e gemeu baixo.



_Não foi minha intenção ofendê-la minha senhora.



_Guerreiro eu sempre me compadeci de seu sofrimento, mas você apenas cumpre seu destino, um destino que nem eu devo interferir. – Tohr abaixou os olhos e continuou sua prece muda - Guerreiro olhe para mim! – ele obedeceu – Você é honrado e saberá cuidar de sua companheira, não deixe de ser feliz pelos seus medos, você perderá muito se continuar pensando assim.



Ele respirou fundo e soube que ela havia partido, não era preciso olhar, ele simplesmente sabia disso. E continuou ali em suas preces.

Foi Zsadist quem entrou na sala e tocou o ombro do homem abaixado no chão:

_Está bem irmão?

Tohrmenth olhou para cima, com os olhos marejados.

_Ela está viva? – perguntou com a voz fraca.

_Está dormindo! Jane disse que está tudo sobre controle. Acho que ela gostará de te ver quando acordar Irmão. Tome um banho e fique ao lado dela.

_Tem razão! – Tohr disse e Zsadist o ajudou a se levantar...

No banheiro, completamente despido, ele se olhou no espelho. Estava muito pálido e seus longos cabelos emaranhados. Entrou no banheiro e se lavou rapidamente. Enxaguou o cabelo e se enrolou na toalha, queria estar logo perto de sua fêmea e de seu filho.

Penteou os cabelos e abriu o armário embaixo da pia. Estava ali o que ele precisava, juntou os fios longos e cortou-os rente a nuca.

‘’Nunca te esquecerei, minha antiga shellan Wellessandra, você está em minha pele e em meu coração, mas eu preciso viver, pela descendência que não tivemos e propagarei todo o amor que você me ensinou!’’

Ele disse na Antiga Língua. Vestiu-se rapidamente e rumou para onde Minnah estava.

Jane estava sentada numa mesa envolta de alguns papéis quando ele entrou devagar, não queria acordá-la assustada.

_Oi! – ele disse a Jane, mas seus olhos estavam grudados na figura pálida e adormecida sobre a cama.

_Olá. Está mais tranqüilo guerreiro? Ou vou precisar te medicar também para acalmar os nervos? - Jane disse sorridente e o encarou, mas não disse nada referente ao novo visual – Bom, vou deixar vocês, o menino está dormindo no quarto com Beth, achei melhor ele ficar longe dessa agitação. Ele é um guerreiro e pode se estressar!- ela disse e ambos sorriram - Caso ela acorde, pode ajudá-la com um banho e a alimente novamente com sangue e comida! Se for preciso pode me chamar, trarei o pequeno para que se alimente. – ela disse se preparando para sair.

_Obrigado Doutora!

_É um prazer estar aqui guerreiro! - Ela disse e saiu.

Tohrment caminhou devagar até a cama. Ela estava de olhos fechados, sua pele morena, estava pálida e fria. Ele tocou delicadamente o rosto dela, acariciou as sobrancelhas, os cabelos encaracolados. Sentira tantas saudades! Estava tão feliz! Puxou uma cadeira e se sentou, entrelaçou os dedos aos dela e apoiou sua cabeça na coxa dela, queria estar o mais próximo possível. Mas não a incomodaria se deitando ao lado dela. Suspirou fundo, quando ela gemeu e apertou seus dedos inconscientemente, ele soube que não era dor. Era aceitação.

Adormeceu.

Minnah apertou os olhos, sentia seu corpo dolorido, cansado e sentiu algo pesado em uma de suas pernas. Gemeu, enquanto as lembranças tomavam lugar em sua mente. Sozinha, estava sozinha, foram horas de dores e quando ficou insuportável tentou ligar para o rei. Ele não atendera e ela decidira ir para a cidade, ficaria mais fácil se eles a encontrassem lá e estava perto do amanhecer. Foi uma caminhada difícil e ela sentiu o cheiro de lessers e ouviu vozes, lembrou-se da dor ao ser empurrada, do tiro, de suas pernas cedendo. Não achou que fosse escapar, até que ouviu mais vozes, mais tiros e sentiu o cheiro dele. De Tohrment, ele estava ali, se encolheu, estava com medo. Muito medo. Lembrou de ter visto a face bonita de Rhage, sentiu o cheiro de tabaco vindo de Vishous e a fúria dele. O carro correndo velozmente, derrapando, mas tinha pressa e chegaram à mansão. Lembrou de sua voz pedindo para Tohrment a colocar no chão e a dor voltou mais forte que nunca. Ouvia Beth, Jane, o Rei e Tohrment, mas a dor era maior. Era como se estivesse num redemoinho de dores e então passou, a tormenta passou, e restou a fraqueza... Apenas a fraqueza.

_Meu filho! – ela sussurrou entre os lábios ressequidos – Meu filho!

Tohrment ouviu a voz dela e abriu os olhos sobressaltados, ele se levantou rapidamente.

_Oi! Estou aqui! – ele disse e a encarou nos olhos, enquanto acariciava o seu rosto tentando acalmá-la.

_Tohr, meu filho! Ele está vivo? Meu filho está vivo? - ela perguntou apreensiva e ele sorriu terno.

_É um macho forte! E está vivinho. A nossa rainha está cuidando dele! - ele contou orgulhoso e foi a vez dela sorrir.

_Vivo! Eu consegui. Meu filho está vivo! – ela disse, sentindo as lágrimas molharem seu rosto.

_Ei! Não chore lellan!- ele disse carinhosamente.

_Eu fiquei com tanto medo Tohrment! Medo de nunca mais te ver, medo de que meu filho morresse dentro de mim. Tohrment me perdoe, mas eu quero ficar com você! – ela disse e limpou os próprios olhos das lágrimas, então o olhou. - Isso se você ainda me quiser depois de tudo! Tohr... - ela abriu a boca e passou a mão pelo rosto dele que estava próximo. - Seu cabelo! Você cortou? Mas – ela disse confusa – E a Wellessandra? Era por ela.

_Ela não precisa disso. Ela se foi, está no fade, juntamente com meu filho não nascido! Mas você e meu outro filho estão aqui! E não importa o tamanho dos meus cabelos, não preciso deles para encobrir o nome dela das minhas costas. Sempre sentirei saudades porque eu a amei mais que tudo! Mas agora eu tenho uma família de novo! E amo a minha fêmea e meu filho! Mesmo que seja uma teimosa e queira lutar.

Minnah levou as duas mãos ao rosto e começou a chorar.

_Calma! Minnah está sentindo alguma dor? Eu fiz alguma coisa? Vou pedir ajuda!

_Não Tohrment, apenas me abrace. Forte!- ela pediu.

Se abraçaram desajeitadamente, mas um abraço verdadeiro, sincero, saudoso. Minnah apertou os cabelos da nuca dele, forte. E o aperto o fez ficar ainda mais feliz!

_Você precisa se alimentar! – ele sussurrou.

_Quero tomar um banho.

_Ok!

Minnah gemeu quando ele a tirou da cama e a carregou até o banheiro. Ajudou-a com carinho e voltou ao quarto rapidamente. Retirou os lençóis da cama e trocou-os por limpos em tempo recorde. No armário, encontrou uma caixa delicada com absorventes e duas calcinhas, escolheu uma sem reparar na cor. Quando entrou no banheiro, ela estava de olhos fechados encostada numa das paredes.

_O que foi lellan?- ele perguntou desesperado.

_Fiquei tonta! Tohr eu... – ela sibilou e ele a amparou.

_Respira fundo lellan. – ele encostou seu corpo ao dela e soltou as coisas que trazia no chão- Se alimente! Tome de minha veia. - ele ordenou.

Ela ali imprensada entre ele e a parede para conseguir manter-se de pé, a veia de seu pescoço estava ali à mostra, ela observou os cabelos à altura da orelha e suas presas saltaram. Ele estava muito lindo. Ela sentiu a visão fraquejar.

_Vamos lellan, está ficando mais fraca, apenas tome de mim... - ele insistiu oferecendo seu pescoço.

Ela não pestanejou e o abraçou o mais firme que pôde. Ele sentiu sua pele queimar e logo a sucção dele o fez estremecer, ela sugava forte. Mas ele se sentia bem, ela poderia secá-lo que ele não se importaria, daria o que fosse necessário para ela sobreviver.

Minutos depois, ela selou os furos e gemeu.

_Obrigada. - ela disse tímida.

_Faço com devoção!

Eles sorriram um para o outro e ela ajeitou a tolha em torno de si.

_Como conseguiu isso?

_Somos machos numa casa cheia de fêmeas! Mas acho que Jane sabia que precisaríamos, deixou tudo bem fácil de localizar.

_Ainda quero me deitar!- ela disse de olhos fechados.

_Claro Lellan...

Ele a ajudou a se arrumar e a carregou até a cama novamente.

_Está confortável?

_Sim. – ele não disse nada por um momento, pois não soube o que fazer –Tohrment, venha até aqui!

Ela ordenou e ele obedeceu. Minnah o abraçou forte mais uma vez.

_Me beije guerreiro!

Tohr ficou confuso, não esperava a reação daquela em uma fêmea que havia acabado de dar à luz. Ele se remexeu, estava prestes a ficar excitado e não era sensato. Queria bater a sua cabeça na parede por pensar sobre sexo naquele momento.

_Eu também quero muito, mas creio que devemos esperar um pouco! – ela disse sapeca.

_Eu amo você Minnah! Você me tira do chão! Me leva ao céu e me traz de volta em poucos segundos. Você me faz vencer barreiras, vencer medos. Me faz estar em uma tormenta de sentimentos, desejos e depois simplesmente acalma o meu ser, como se aquela furiosa tormenta que passei fosse apenas uma brisa leve.

Ela apenas o encarou e o puxou para outro beijo voraz.





Raghe abriu a porta e viu o corpo de Tohrment. Estava quase metade sobre ela e se beijavam alheios ao que se passava ao redor.

_Êpa! Se continuarem assim, ela entra em necessidade de novo antes da primeira mamada do pequeno. E o Complexo da Irmandade da Adaga Negra virará a crechinha do tio Wrath!

Tohr separou a boca da de Minnah apenas para pegar um dos travesseiros e jogar na porta! Raghe correu e o travesseiro ficou no chão. Tohr sorriu e voltou a beijá-la.





Na sala, a Irmandade estava reunida, todos queriam presenciar quando entregassem o pequeno nos braços da mãe e felicitar o casal pela criança perfeita e saudável.

_Wrath terá que criar um controle de natalidade!

_Que? – a voz forte de Wrath fez todos se calarem.

_Tohrment estava praticamente encima dela, e... - ele ia dizendo, quando Mary avançou sobre ele e ficou nas pontas dos pés tapando a boca de seu hellren, muitos riram e ele retirou a mãos dela calmamente. – Calma lellan...

_Raghe!

_Só vou dizer que se continuar assim teremos que abrir a creche do titio Wrath aqui no complexo!

O coro de risadas ecoou pelas paredes da mansão. Até Fritz que permanecia na maioria das vezes calado e sério, ria de lado. A algazarra tomou conta dos moradores. E não viram o casal se aproximar devagar.

_Olá! – Minnah disse e todos a olharam.

_Rhage meu irmão, se tiver fazendo piada sobre a natalidade dentro dessa mansão... – Tohr disse.

_Na verdade senhor, eu gostei da idéia. Caso haja aprovação, eu mesmo cuido dos berços e mamadeiras. - Fritz disse com meio sorriso.

_Não podem estar levando isso a sério! Creche do titio Wrath? Só quando o inferno congelar! – Wrath rugiu alto, o que causou mais risos. – Rhage, quer manter todos os dentes?

_ Claro chefe, fico mais bonito com os meus dentes! – e todos reviraram os olhos, dando risadas.



_Então não repita algo desse nível! – Wrath disse, com a sua paciência já pendendo por um fio.



_É melhor que se sente Minnah! Vou buscar seu filho! – Jane disse e saiu.

O sorriso de Minnah foi iluminado quando Tohrment pegou a criança. Ver o pai e filho juntos. E quando Tohr o colocou sobre os braços dela, ela sentiu o coração querer saltar de seu peito...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Lutando contra o plágio:

Licença Creative Commons
A obra Romances Josy Chocolate de Jôse Luciana Ferreira foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição-Uso Não-Comercial-Não a obras derivadas 3.0 Unported.
Com base na obra disponível em romancesjosychocolate.blogspot.