ComplicaçõesA festa de boas vindas foi se arrastando. Harry, Ron e Gina sempre olhavam para Hermione, que sorria para eles languidamente quando percebia que estava sendo observada pelos amigos.
Ela estava bem. Aparentemente.
Draco não estava lá. Toda vez que ela pensava nele o seu coração apertava insuportavelmente, mas sua ausência o mantinha em sua mente talvez mais do que sua presença. Ele estaria com seus pais? Na mansão? Vagando pela parte trouxa de Londres? Ou ele estava olhando para ela, sem ela perceber?
A sua rejeição em relação a ele travava uma batalha sem fundamentos com seus reais sentimentos.
Ela o amava. Pelo menos ela sabia disso. Mas ele?... A amava também? Ou teria sido tudo apenas mais um de seus jogos de poder? Ela não queria começar outro relacionamento que poderia ir pelo mesmo caminho como seu relacionamento com Don. Ela ainda podia sentir as mãos de Draco em seu pescoço naquela noite em que ele a chamou de prostituta. Ela ainda podia sentir o choque quando os dedos pousaram pela primeira vez sobre a corrente de ouro. Com os dizeres: Propriedade de Draco Lucio Malfoy. Ele era capaz de machucá-la propositalmente. Ele tinha feito isso antes. O que era para ele parar de fazê-lo novamente? Ele havia aberto mão de sua posse, naquela noite, quando ele tinha retirado o medalhão. O rosto de Hermione corou enquanto sentia o seu peso pressionando contra o peito. Aquilo ainda tinha um peso. Um peso sentimental, mas que valia muito mais do que se estivesse enfeitiçado. Mas e se ele tivesse apenas começado algum outro tipo de propriedade naquela noite? Outra forma de controle sobre ela? Talvez isso explicaria o forte aperto no peito.
O que é o amor? Uma enorme ligação entre duas pessoas? A nova razão para sentir culpa, uma nova razão para machucar? A nova razão para deixar-se ser abusado, uma e outra vez. Um ciclo vicioso? Don não conhecia esse sentimento? Ele talvez conhecesse, mas de uma forma totalmente distorcida. Que machucava a alma ale do corpo.
Ela tinha amado Don como sobrinha, afinal era irmão de sua mãe, seu sangue, mas não poderia nem se comparar com o jeito que ela amava Draco. Ela o amava, porque ele era ele, não por algum senso equivocado de obrigação, ou qualquer outra coisa, nada disso. Ela o amava por ser ele, mesmo com todos os seus defeitos.
Ela adorava seu senso de verdade, a maneira como ele sorria. Como falava de si mesmo em toda sua arrogância. Ela ainda amava sua crueldade, criados com ele da mesma forma que tinha sido produzido dentro de si mesma, através de anos de abuso. A diferença estava na forma como cada sentimento fora canalizado dentro deles. Ele desprezava aqueles que o rodeavam, num esforço para compreender sua infância. No interior, eles eram crianças confusas em busca de suas identidades. Exceto que agora Draco que já compreendia sua criação. Ele estava chegando a um acordo com o seu passado, crescendo, entrando em seu próprio mundo e conhecendo o dos outros. Ele estava amadurecendo. E isso era bom.
Mas Hermione, apesar de tudo o que tinha sofrido de maneira diferente. Então ainda se sentia muito bem como uma garotinha. A menina que não precisava mais passas nenhuma dor em sua vida. A menina que não precisava de Draco Malfoy. Assim ela esperava.
****
Draco estava atrasado para a festa de boas-vindas. Parte da razão foi que os elfos da sua casa tinham sido lentos, e Craybbe tinha ido fazer perguntas novamente, e a trava da sua mala havia quebrado, e ele havia derramado tinta em sua capa, e Blaise queria ajuda com um projeto, E sua vida tinha virado um inferno.
Mas a outra razão é que ele realmente estava temendo ver Hermione. Como ele sabia exatamente para onde ela tinha partido, evitou se preocupar e se desesperar. Os amigos dela jamais a deixariam só. Ele havia decidido deixá-la ter algum tempo para si mesma, pensar e por as idéias no lugar seria bom. Se era isso que ela queria, ele acatara. Mas agora havia chegado a hora de enfrentar seus medos.
Ele finalmente abotoou o último botão em sua capa, ajeitou seu colar de dragão no pescoço e saiu em direção ao Salão Principal.
****
Hermione olhou para cima quando ouviu o rangido da porta principal, quase indistinguível entre o barulho dos alunos eufóricos de Hogwarts.
Seus olhos encontraram Draco, e então ela rapidamente assumiu uma postura de comodidade. Agarrou um pão e, finalmente, ouviu a história que Harry vinha contando nos últimos minutos. Ela aproximou-se de Ron por força do hábito, inclinando-se contra ele para ouvir a história.
Ele olhou para ela, sentindo um desconforto no estomago, sua necessidade de protegê-la era bem grande. Mas, como seus olhos caíram sobre a sonserino loiro fazendo o caminho em direção à mesa da Grifinória, ele decidiu que ia deixar a sorte jogar por si própria.
Harry terminou sua história, ao mesmo tempo em que seus olhos caíam em Draco. Uma bolha de silêncio caiu entre os três amigos, enquanto o ruído de seus colegas continuaram. Draco finalmente chegou à mesa, e veio ao redor, até que ele parar diretamente atrás deles. O trio se virou para ele, Harry e Ron resmungaram algo, ao qual ele educadamente assentiu, seus olhos não deixando Hermione. Ela olhou-o rapidamente para ele, em busca de qualquer sinal de que Don havia machucado-o a sério.
_Eu preciso falar com você, Hermione. – Draco disse simplesmente, ciente de que a mesa da Grifinória tinha estranhamente ficado menos barulheta, embora os estudantes mantivessem os olhos em seus pratos. Certamente estariam cochichando a respeito da cena. Hermione não sabia o que dizer, não especialmente na frente de todos esses estudantes.
Relutando em se levantar ela o seguiu fora do salão, deixando um sussurro no ar para os amigos
_Eu volto já.
_Vamos para algum lugar privado. – Draco sugeriu, olhando para os alunos dispersos que vagavam dentro e fora do salão.
Ele já tinha dado alguns passos antes de se virar para trás e viu Hermione em pé, imóvel, olhando para ele.
_Eu não quero falar com você. Está tudo acabado entre nós. – Hermione falou, declarando as palavras com precisão.
Ele a olhou chocado. Mas não deixou que a raiva o dominasse.
Draco pegou sua mão e levou-a a poucos passos até que ficou fora da vista das pessoas.
_Você não pode simplesmente fazer isso. Você não pode Hermione. - Ele retrucou com o cenho franzido. – Nós temos que conversar.
_Eu não tenho que conversar nada com você.
Quando deu um passo e se virou Draco segurou-a pelo braço, empurrando-a contra a parede. A raiva que estava tentando segurar o dominou
_Não aja como uma tola! Eu preciso conversar com você. E você não vai fugir, porque eu não vou deixar. Isto é real, Hermione, você tem que lidar com isso.
_Solte-me. – Hermione tentou evitar suas palavras, assim como seu aperto. Puxou seu braço, mas ele a apertou ainda mais.
_Ouça-me! Você não está ouvindo! Droga! Estou tão confuso, eu não sei mesmo o que está acontecendo. – Ele estava balançando-a agora, e Hermione sentiu uma agressão familiar.
Estremeceu.
_Draco, pare! Você está me assustando!
Ela ainda lutava para se libertar, mas assim que falou ele afrouxou o aperto. Por alguma razão ela não se afastou. Ele olhou para ela, seus olhos brilhando, e balançou a cabeça como se quisesse acordar de um sono, e então ele deixou sua mão cair longe de seu braço.
_Desculpe. Desculpe-me Hermione. Eu não sei o que há de errado comigo.
Sua voz era suave agora, tranqüila. Ele cruzou o corredor e encostou na parede oposta olhando para ela. Ela ficou encarando-o sem dizer nada.
_Eu te amo, você sabe. – Ele expressou finalmente. Hermione engoliu em seco. Não sabia o que dizer. Jamais imaginou ouvir algo assim saindo da boca dele.
_Não. – Disse por fim, sacudindo a cabeça.
_Sim, sim e sim. Eu estou apaixonado por você. – Ele sentiu-se iluminado.
Essa foi a primeira vez que ele tinha dito isso com tanta certeza.
Ele começou a andar na direção dela, um leve sorriso no rosto.
_Eu te amo. Jamais imaginei que pudesse sentir isso. Mas eu sinto. Eu te amo. – Sorriu de novo. Era bonito o som da frase.
Antes que ela pudesse deter, lágrimas começaram a cair de seu rosto. Ela sentia-se cansada ultimamente e sentiu como se um peso enorme estivesse constantemente em cima de seus ombros.
_Eu te amo. – Draco finalmente parou de andar e ficou na frente dela, sorrindo. Hermione queria sorrir e lançar-se em seus braços, mas suas palavras não a fizeram esquecer o que tinha acontecido. Agora mais do que antes ela precisava ficar longe dele. Seria melhor que ele sofresse agora do que depois. – Por que você está chorando?"
_Isso não muda as coisas. Ainda não podemos ficar juntos. – Ela resmungou, fechando os olhos e rezando para que ele entendesse as razões dela estar fazendo isso.
E como ela pensava, ele não disse nada. Quando ela abrisse os olhos saberia o que iria encontrar: negação ou argumento? Não... Apenas a dor.
Então ela olhou para ele. Passou a mão no rosto para enxugar as lágrimas. Olhou para a saída e se encaminhou para lá quase correndo.
Sabia que ele talvez não pudesse ouvi-la, mas mesmo assim sussurrou:
_Eu também te amo.
****
A luz da manhã enfiltrousse no dormitório das meninas e revelou uma ruiva travessa equipada em seu uniforme escolar. Gina riu e jogou uma almofada estofada em Hermione, fazendo uma cara cômica quando Hermione foi atingida diretamente no peito e caiu para trás em sua cama. Semanas se passaram desde que Hermione falou pela última vez com Draco, e apesar de seu mau humor com ela nas aulas e nas refeições serem visíveis, ela estava tentando recuperar alguma normalidade à sua vida. E com a ajuda de seus amigos tudo se tornava um pouco mais fácil. Ela sentou-se, apertando o peito com cuidado e fazendo caretas.
_Ai, Gina! Isso realmente dói! – Ela reclamou massageando o local onde fora atingida.
_Oh, me desculpe flor delicada. – Zombou Gina, atirando uma segunda almofada na perna dela.
Hermione riu, e ignorando a dor, jogou em Gina a primeira almofada. Então ela ouviu uma voz masculina chamando o seu nome do fundo das escadas do dormitório.
_Parece que estou sendo solicitada lá em baixo. – Falou se levantando e sorrindo. Desceu as escadas para encontrar Rony e Harry esperando para escoltá-la até o salão principal.
Os quatro grifinórios tomaram café da manhã alegremente, conversando sobre os testes que estavam chegando. As corujas vieram com o correio de manhã, e em algum momento, Hermione embolsou uma pequena carta na mochila dando mais atenção para o jornal que viera junto. Era um jornal diferente do que estava acostumado a receber. Era um jornal trouxa, e por isso desconfiou que viesse de sua mãe. A carta tinha o nome dela também, mas decidiu ignorar, para não deixar os amigos preocupados. Em pouco tempo o primeiro sino tocou e ela, Harry e Rony foram para sua primeira aula do dia: transfiguração. No meio de uma conversa animada com os amigos sua visão embaçou, e suas pernas ficaram fracas. Rony foi o primeiro a perceber e a amparou antes que ela caísse.
_Hermione – Chamou ele todo preocupado. – Você está bem?
No primeiro momento ela não respondeu.
Harry ajudou o amigo a segura-la e notou que ela estava fria.
De repente, estava com náuseas. E sentiu que o café seria todo posto para fora ali no meio do corredor mesmo se não agisse rápido. Segurando a vontade de vomitar, arrumou forças para se erguer rapidamente, coisa que achou um erro, pois tudo a sua volta começou a rodar. Mas não deixou que os garotos percebessem.
_Eu estou bem. Só preciso de um pouco de água.
Graças a Merlin estavam perto do banheiro.
Eles a ajudaram até a porta principal se frustrando logo em seguida por saberem que não poderiam ir mais adiante.
Passou água no rosto se sentindo um pouco melhor.
Ela logo se sentiu melhor e pensado para ir para a aula, mas ela ainda estava instável em seus pés. Desde que ela tinha enviado os meninos à frente, ela se permitiu encostar os dissipadores por um momento, e ler a sua carta.
Hermione,
Como parte desta família, você tem o direito de saber tudo o que se passa dentro dela. Claro, isso não faz com que seja mais fácil dizer o que aconteceu desde que você voltou ao castelo. Quando chegamos em casa, tudo estava em um estado deplorável. É claro que não culpamos você. Don nos disse que tinha ficado com um amigo, e não é de se admirar, homens quando ficam sozinhos, você já viu... Claro que sabemos que ele sempre teve uma predileção por bebidas e mulheres, mas ele é meu irmão... E deixar a casa onde ele também mora do jeito que deixou, foi imperdoável. Não se preocupe com a casa, contratamos uma equipe de limpeza... Queríamos que você estivesse em casa com a sua magia à mão, mas nós estamos dando conta mesmo tendo que trabalhar... Por causa dessa humilhação final, tive que chutar Don para fora de casa. Eu sei que você o ama e nós também, mas eu pensei que seria para seu próprio bem, ele é um homem crescido agora. Tem arrumar um lugar pra morar sozinho.Por favor, não fique zangada comigo...
Mas acredito que a pior notícia virá como um golpe para você. Eu gostaria de poder estar com você para aliviar a dor e o sentimento de repulsa, mas destruir a nossa casa não é tudo que Don fez. Eu o amo, ele é meu irmão, ainda, mas eu entendo a vergonha e tristeza que em breve você vai sentir.
Há poucos dias, Don nos telefonou da prisão. Ele queria que nós pagássemos uma fiança. Teríamos. Mas seu pai estava tão zangado com ele que pediu para nosso advogado investigar o que acontecera. Juro que eu fiquei em choque quando descobrimos o que era. Então seu pai decidiu não pagar nada. Entenda que é um pouco difícil de dizer isso mas tenho que fazer... Don foi acusado de estuprar uma menina de dez anos de idade, em nossa vizinhança. Pelo que entendemos, o julgamento é apenas uma formalidade, a evidência é esmagadora. Nós pensamos que isto pode não ser um incidente isolado. Seu pai acredita que houve outras vítimas.
Está é a mais difícil carta que eu já tive de escrever, como você pode ver por causa das minhas manchas de lágrimas. Sinto muito, meu amor. Nenhum de nós poderia ter previsto isso. Se você quiser voltar para casa, ou não, vamos entender. Basta escrever de volta para deixar-nos saber que você está bem.
Muito amor e profundo pesar,
Mãe
P.S: Nós te amamos.
Hermione mal tinha sido capaz de ler a última parte da carta, a noticia a abalou tanto que ela se sentiu ainda pior. Sua garganta estava queimando, e tudo girava. A saliva inundou sua boca e ela vomitou de novo.
Ela caiu no chão do Box, e suas vistas se escureceram de vez.
Se você olhar para algo por tempo suficiente, começa a diluir-se dentro e fora de visão, para assumir diferentes formas, para contorcer e distorcer.
O teto do banheiro entrou em foco aos poucos e sua consciência voltou ao normal. Olhou o relógio de pulso e se assustou. Tinha ficado ali por meia-hora. Havia perdido a aula quase toda.
Depois de sua breve perda de consciência ela simplesmente olhou para o teto e pensou sobre o que tinha acontecido.
Ela não podia acreditar. Ela sabia que ele era um mulherengo, mas uma criança?
Ela tinha sido uma criança uma vez, ela tinha 17 anos agora. Mas ainda era jovem.
Hermione tentou imaginar uma menina de dez anos de idade. Ela pensou em um rosto sorridente. Olhos verdes e cabelos loiros. A diferença entre os dois dentes da frente. Correndo e rindo com seus amigos, fofocando, tendo uma queda por um garoto. Ouvindo música pop e rock. Pedindo a mãe algum conselho.
Hermione sonhou em pedir um conselho para mãe quando era criança, mas Don invadiu sua vida de uma maneira aterradora que isso teve que ser deixado de lado.
Hermione pensou nele. Mais velho, malicioso, aterrador e repugnante. Queria tocá-lo, feri-lo até a alma, assim como ele tinha feito com ela.
Hermione pensou em desamparo. De não haver escape. De estar preso. De ser envergonhado. De serem violados. De estar doente e de ter medo. Pensou tanto que por um momento teve vontade de gritar, mas como isso não adiantaria nada, reuniu suas forças e seus pertences e com um último olhar para seu reflexo sombrio, saiu do banheiro. Ela pretendia ir para a aula, mas de alguma forma ela encontrou-se na torre da Grifinória. Não estava pronta para enfrentar o interrogatório dos amigos. Ela jogou a bolsa em sua cama e retirando seu uniforme da escola entrou no banheiro. Imagens de meninas piscando em sua mente vieram rapidamente. Meninas inocentes sendo violadas assim como ela mesma tinha sido por anos, e visualizar aquelas imagens a fez vomitar mais uma vez. Lavou o rosto e a boca. Enquanto secava-se na frente do espelho perguntou-se o que estaria acontecendo com ela.
_Mérlin, o que eu tenho? Venho tendo esses enjôos há dias e nada faz passar. Estou até parecendo uma mulher grávida...
Seu espelho estava dizendo alguma coisa. Hermione piscou.
O poder da afirmação fez despertar dentro dela uma verdade. Não. Não podia ter acontecido. Não poderia estar grávida. Seria obvio demais. Mas por outro lado todos os sintomas indicavam isso. O sono, o cansaço, os enjôos, tudo dizia isso.
Mérlin, como não havia desconfiado disso antes?
Hermione não conseguia respirar. Em choque, voltou para o quarto e colocou uma camisola e uma calcinha e subiu na cama. Pegou a agenda e olhou para o calendário.
Não. Estava atrasada vários dias. Desesperada esvaziou o malão atrás dos 1000 Feitiços Fáceis de Fazer e começou a leitura a partir da página 221, acenou sua varinha acima de sua cabeça em um padrão simples. Ela esperou. Um brilho azul muito forte a cercou. Hermione acenou sua varinha, mas o brilho não desapareceu. Ela olhou no livro a procura de uma solução, mas a única coisa que encontrou foi que o resultado sumiria sozinho dentro de alguns minutos.
Uma lágrima escorreu sobre sua bochecha.
De repente, ela gritou, agitando os braços loucamente enquanto tentava se livrar do brilho azul. Um ranger no andar de baixo chamou sua atenção fazendo-a parar, mas ninguém subiu as escadas. Ela guardou o livro e sua varinha e deitou na cama, os pensamentos em seu ventre. Meia hora depois pegou no sono.
****
Faltavam dez minutos antes da aula do dia terminar, e antes que Rony e Harry viessem até o dormitório para encontrá-la e interrogá-la. Hermione correu. Quando ela rompeu as portas da biblioteca, ela mal podia respirar. Ela precisava de algum tempo antes que eles pudessem descobrir-la. Madame Pince estava seguramente distraído por uma enorme pilha de livros que catalogava na recepção, então Hermione fez seu caminho através das prateleiras complexas e estranhamente organizadas até chegar a uma em particular que ela jamais imaginou que pudesse usar tão sedo. A placa enferrujada não escondia de ninguém os dizeres:
Fertilidade, Gravidez e Nascimento.
Ela pegou o primeiro livro que viu fora da prateleira.
Depois de realizar uma série de encantos, Hermione tinha certeza, não poderia haver erro. Ela estava grávida. Seis a oito semanas de gravidez. Sua mente se sentia exausta e completamente em branco. Ela sabia que teria que ir até Madame Pomfrey para confirmá-la, mas não havia maneira de onze diferentes encantos de gravidez poder dar errado. Ela rigidamente deixou a biblioteca.
Agora realmente não havia jeito de esconder nada dos amigos. Teria que enfrentar Harry e Rony.
Foi até a Torre de Astronomia e sentou-se em uma janela, olhando para o céu azul. Era um dia de inverno; mas o sol brilhava fraco e conhecendo os alunos, nenhum se aventuraria naquele frio. O ar estava refrescante e fez seus pulmões doem um pouco. Houve uma risada fraca de algum lugar próximo do castelo, e, de repente Hermione compreendeu. Olhou para baixo e percebeu que houve uma exceção aos seus pensamentos sobre os alunos. Uma mulher brincava com a filha no jardim.
Observou a cena até perder as duas de vista.
As duas fizeram-na refletir.
Ela estava grávida. Com uma criança. Com uma criança ... que poderia ser tanto de Don quanto de Draco. Ela tinha 17 anos, e ela ia ter um bebê. No final de setembro, mês de seu próprio aniversário. Seus pais ficariam desolados... E o pai? Quem era o pai?
Ela devia mesmo ter essa criança? Ela poderia ser mãe? Ela poderia dar para adoção? Ela poderia abortar? Ela poderia pular agora mesmo da torre?
Tudo dentro de Hermione gritou com a idéia. Ela não podia matar um bebê. Ele tinha uma alma, e estava dentro dela. Era seu bebê. Como ela poderia afasta-lo? Deixar para ser adotado? E se os Comensais da Morte a adotassem? Para os trouxas, então? E vê-lo crescer sem magia? Não. Ela queria saber do bebê, e ensiná-la sobre o mundo, e amá-lo. Ela não queria estranhos para cuidar de algo dela. Mas ela não estava pronta para uma criança! Ela queria ter uma carreira, queria viajar, casar, queria fazer tantas coisas. E ela poderia ter um filho sozinha? Era justo ter bebê quando ela não poderia dar-lhe as mesmas coisas que alguém poderia? Sem casa, sem pai, sem brinquedos ou fantasia?
Hermione se perguntou se seria um menino ou uma menina. Ela pensou em segurá-lo. Pensou em brincar com suas mãozinhas. Visualizou as bochechas rosadas do bebê. E também pensou nas fraldas sujas e em acordar no meio da noite para amamentá-lo.
Ela sempre teve um forte conjunto de convicções morais, desde criança. Crescera no meio delas, por conta de seus pais. Só haveria uma escolha. Ela teria o bebê, mesmo que tivesse que trabalhar como garçonete ou algo igualmente terrível para o resto de sua vida.
Hermione saiu do peitoril da janela, sentindo-se forte mais uma vez. Ela tinha decidido. Ela poderia fazê-lo, era inteligente, engenhosa. Seus pais talvez não a apoiassem no começo, mas tinha certeza que com o tempo aceitariam. Harry e Rony ficariam muito bravos, mas também apoiariam sua decisão. E todos os demais poderiam ser condenados. Ela não ligava.
Arrumou a capa e se virou para sair, mas Draco estava de pé na soleira da porta da torre, cerca de dez passos de distância dela. Ela rapidamente olhou para baixo.
_Eu não sabia que você estaria aqui. – Disse no mesmo tom brusco que ele sempre se dirigiu a ela. Hermione balançou a cabeça rapidamente. De repente ela se sentiu muito quente, e havia lágrimas mais uma vez pingando de seus olhos.
Ela caminhou até a porta tão rapidamente que Draco não se moveu quando ela chegou lá, e em sua pressa de passar ela esbarrou contra ele, derrubando sua bolsa ao chão. E por infortúnio do destino, a carta caiu em cima de seus livros, claramente visível. Draco olhou para o envelope obviamente reconhecendo-a. Ele sabia que não era uma correspondência bruxa. Era um envelope diferente. Ambos se abaixaram para pegá-lo ao mesmo tempo, suas mãos colidindo. Hermione rapidamente retirou a dela e Draco pegou a carta se erguendo rapidamente. Segurando o envelope por um canto como se fosse contaminado.
_Eu estava apenas tomando um ar e... – Hermione balbuciou. Mas Draco continuou a olhar para a carta.
_Isso é dele? Ele perguntou, sua voz baixa e rouca de sono ou raiva, ou ambos, talvez.
_Não, é dos meus pais! – Hermione pegou a carta com destreza e puxou-a para fora, expondo-a para que ele pudesse ver a assinatura de sua mãe e não ver o resto da escrita. Ela olhou para ele um momento, antes de inclinar-se para pegar seus livros e bolsa.
_Desculpe, eu só...
_Está tudo bem, eu entendo. – Respondeu ela erguendo o olhar. Se arrependeu em seguida.
Tinha que ir embora antes que dissesse algo que ia se arrepender. E quando terminou se ergueu devagar. Ele estava olhando para ela concentrado, seu cabelo sedoso despenteado e com o cenho franzido, os lábios pálidos torcendo um pouco.
Mérlin! Ela tinha saudades dele. O amava mais ainda. E como gostaria que ele fosse o pai de seu filho. Via-se bondade em seus olhos, mesmo que toda sua prepotência escondesse isso, mas seu olhar não conseguia esconder essa qualidade tão virtuosa. Draco Malfoy era o homem que ela gostaria de ter ao seu lado.
Como ela poderia fazer isso sozinha? Como poderia ter uma criança sem pai? Não conseguiu se segurar, caiu em prantos. Ela deixou cair à bolsa e sem pensar no que estava fazendo pulou nele abraçando-o fortemente.
Ele ficou sem ação por breves segundos, mas em seguida, Draco a envolveu em seus braços.
_Shii. Calma eu estou aqui. – Talvez tê-la abraçado não tenha sido uma boa idéia, pois só serviu para fazê-la chorar mais alto. – O que está errado, Hermione? – Perguntou enquanto acariciava seus cabelos. Sua voz grave de preocupação.
_Eu sinto muito. Sinto muito mesmo, por isso ser tão triste. – Ela choramingou contra o peito dele. – Mérlin, isso não pode estar acontecendo comigo... Eu não posso fazer isso sozinha... Eu sinto muito. Perdoe-me...
_Mérlin! O que há de errado? Eu vou ajudá-lo a Hermione... Você sabe disso. Mas precisa me dizer o que te aflige. – Pediu enquanto fazia ela desencostar do peito dele e a levava até a janela para que pegasse um ar. – Vamos, acalme-se.
Após alguns minutos ela voltara a respirar normalmente. Ela olhou para ele, as lágrimas ainda escorrendo. Ele enxugou o rosto dela com as costas da mão e ela fechou os olhos sentindo o carinho.
Agora estava mais confiante para detonar a bomba.
_Draco. – Ela sussurrou segurando a mão dele entre as suas.
_Estou aqui.
_Eu estou... Grávida.
Continua...
*********************************N/LandaMS. Juro que esse final mexeu com meu coração.
Agora queremos comentários de todos vcs. pois este é um trabalho bem dificil de fazer, sendo que não fomos nós (Josy e eu) que escrevemos. É dificil seguir adaptar frases no texto sem prejudicar a historia original. Mas fora isso espero que estejam gostando. Comentem e façam duas autoras felizes.
*********************************N/LandaMS. Juro que esse final mexeu com meu coração.
Agora queremos comentários de todos vcs. pois este é um trabalho bem dificil de fazer, sendo que não fomos nós (Josy e eu) que escrevemos. É dificil seguir adaptar frases no texto sem prejudicar a historia original. Mas fora isso espero que estejam gostando. Comentem e façam duas autoras felizes.
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