Textos que podem conter conotação sexual, palavras, atos e cenas descritivas de violência e sexo. Só leia se for maior de idade.

terça-feira, 27 de março de 2012

Miedo 26



Não é apenas sobre Don


Hermione acordou primeiro naquela manhã. Observou Draco adormecido ao seu lado por alguns instantes, ele era como um anjo a lhe dar forças a cada instante, mesmo que às vezes tivesse métodos curiosos de lhe persuadir. Mas já era impossível negar que o amava. Amava seu jeito arrogante, mesquinho, carinhoso, doce, e acima de tudo amava seu jeito especial de lhe querer bem. Deixou o dormindo e foi ao encontro de Harry e Ronald, para que juntos fossem ao escritório de Dumbledore. Resolver as questões sobre a saída de ambos da escola foi muito menos complicado do que ela imaginara. E logo estavam a caminho do salão comunal.


Estavam quase chegando quando ela ouviu seu nome:


 _Hermione!



Olhou repentinamente para trás para ver Draco correndo em sua direção. E a abraçá-la num forte aperto.


_Porque não me acordou?


Ela sorriu fraco, feliz por sentir o abraço necessitado de Draco. Ele percebeu o olhar inquisidor dela. Ele disse enrubescendo:


_Precisava me certificar que estava bem.


Ela lhe sorriu e deu-lhe um beijo casto nos lábios.


_Não quis acordar você. Hoje é sábado, e você nunca acorda antes das nove. – Ela disse com um sorriso divertido.


Pareciam que só existia os dois naquele momento e que o corredor não estava apinhando de estudantes adentrando o salão para o desjejum.


_Sim, por causa dele perderemos o café da manhã se não nos apressarmos. – Rony reclamou e eles tornaram a andar em grupo para o refeitório.


_Rony, eu pensei que tivesse descido meia hora antes de mim, para tomar café. – Harry contou divertido.


_Ei Weasley, freqüentando a mesa do café da manhã quantas vezes a cada manhã? – Draco riu.


_Estou em fase de crescimento! – Rony alegou.


_Sim, e se continuar assim, logo estará em fase de rolamento. Muito me admira que consiga manter esse seu porte físico. – Draco riu alto.


_Apreciando meus músculos Malfoy? – foi a vez de Rony e Harry rirem alto com a cara de zangado que Draco fez.


_Bom, eu estou com fome, e se querem continuar com essa brincadeirinha eu vou sem vocês... – Hermione correu sapecamente até a mesa grifinória, e com um belo sorriso estampado no rosto.


Draco a acompanhou de perto também sorrindo.


_Não devia correr assim, minha Deusa da Lua!


_Não me chame assim aqui. - Ela disse enrubescendo. E ele sorriu de lado. Assim como os amigos dela que também ouviram o apelidinho carinhoso.


Luna se aproximou sem aviso.


_A escola inteira está aliviada... Vocês dois pareciam meio mortos quando estavam separados. – A menina disse, sorrindo e voltou para sua mesa.


Hermione silenciosamente concordou com ela. Olhou para Draco que empurrava algo para dentro de prato quando ele se sentou entre os grifinórios. Ele pareceu um pouco encabulado com o comentário da corvinal, assustada com o comportamento dele. Draco sentando-se à mesa grifinória? Tudo isso por causa dela?


Porém algo mudou de repente nele. Hermione percebera no ato. Ele estava preocupado agora, perturbado, por causa dela. Ele sentia a dor dela. O relacionamento deles começou com os dois em guerra, crianças estúpidas tentando machucar e controlar uns aos outros, mas de alguma forma tinham crescido e mudado, e agora, eles eram dois jovens que enfrentavam o mundo juntos. Ele estava olhando para ela, como se consciente de que ela estava pensando sobre ele, e Hermione acenou para ele. Draco levantou-se severamente, chegando ao seu lado.


Com gestos rápidos, Draco encheu as mãos dela de bolinhos e pães, e sem entender, ela o viu segurando seu cotovelo e a conduzindo para fora do Salão Principal. Ela olhou de relance para seus amigos e eles, pareciam prontos para saltar e correr atrás deles. Hermione demonstrou um pequeno sorriso para pacificá-los, mas Harry e Rony não pareciam felizes, mas pareciam entender. Já era tempo de tudo se resolver.


****


Algumas horas mais tarde.


A  viagem até a casa dos Grangers, foi tranqüila,  Dumbledore dera autorização, mesmo sem perguntar o porque dos dois estarem se ausentando da escola. Olhando pra ela, ele pode notar que ela estava arrepiada, não era apenas devido ao frio do  entardecer. Antes de bateram na porta de madeira, eles observaram juntos o pôr do sol. Eles se beijaram, a mão dele acariciando seu rosto enquanto ela fechochva os olhos para o céu vermelho-sangue.


_Obrigada. – Hermione sussurrou. – Por me trazer aqui.


_Obrigado por tido coragem de vir. – Draco respondeu com sua voz mais alta do que ele queria que fosse levando os dois de volta à realidade.


Com um último beijo, ambos viraram o rosto para a pequena casa. Eles se deram as mãos levemente enquanto caminhavam e pararam na frente da porta. Hermione olhou para a porta por um momento, e depois olhou para Draco. Ele deu um meio sorriso, meio careta cômica.


_Mérlim, isso é estranho. Vou conhecer seus pais pela primeira vez. Enquanto você vai dizer-lhes sobre Don... E talvez dizer-lhes que nós vamos nos casar e ter um bebê. Isso tem que ser um pouco mais de um choque para eles. Talvez eu não deveria estar aqui... – Ele afirmou, começando a girar nos calcanhares.


Hermione agarrou-o pelo colarinho, girando ao redor com um olhar severo.


 _Não tão rápido meu senhor. – Ela disse, dando-lhe um pouco de agitação.


Draco a cutucou nas costelas, e ela o soltou por um momento, rindo de surpresa e, em seguida, perseguindo-o quando ele fez um virada engraçada parecendo um boneco desengonçado; em um círculo ao redor do gramado. Quando ela começou a alcançá-lo, ele parou de repente, fazendo-a tropeçar nele, ainda rindo. Ele agarrou-a a volta da cintura e a levou de volta para a porta, onde se engajaram numa luta rápida. Estavam rindo e respirando com dificuldade, já que eles lutavam entre puxar os cabelos e fazer cócegas um no outro.


_Hermione? – Os dois pararam de se tocar e olharam Jane Granger, que estava olhando para os dois em perplexidade da porta.


Ela  havia aberto a porta quando ouviu um barulho lá fora e ficou surpresa ao ver a filha normalmente reservada, sendo tão lúdica e familiar com um homem jovem. Ela ficou surpresa que Hermione parecesse tão feliz.


_Mãe! – Hermione gritou, abraçando sua mãe e não percebendo que ela tinha os olhos em Draco, que estava desesperadamente tentando arrumar o cabelo e as roupas.


_Este é Draco. Draco Malfoy. – Apresentou depois de soltá-la.


Draco apertou a mão da mãe dela.


_Honrado em conhecê-la  Sra. Granger. – Ele disse cordialmente, inclinando a cabeça.


Jane atirou a filha um rápido olhar de perplexidade diante da enorme educação do garoto. Apenas Harry a havia tratado daquela maneira tão cordial. Ronald se sentia em casa, então não contava.


Sorrindo graciosamente, cumprimento-o de volta:


_O prazer é todo meu Sr. Malfoy... Mas por favor... Vamos entrar...


Eles entraram no interior da casa e foram levados para a sala, onde Gerry estava deitado no sofá com um pano sobre os olhos, ouvindo a voz suave e melodiosa de Olivia Newton Jhon no volume máximo. Draco acenou com a cabeça ligeiramente na recepção que ele amava Olivia Newton John. Jane disparou para outro lado da sala e abaixou a música a um nível de fundo.


_Gerry, Hermione está em casa e trouxe um convidado... – Ela disse no que ele retirou o pano de seu rosto e se sentou.


_Hermione, amor! Que surpresa maravilhosa! – Ele disse, amorosamente quando sua amada filha foi avistada. Ele se levantou e abraçou-a com força, e então se virou para Draco.


Draco viu os olhos castanhos do pai dela ligeiramente se apertando à medida que o analisava atenciosamente, mas então ele sorriu abertamente e apertou a mão de Draco, dizendo:


_Qualquer amigo de Hermione é bem-vindo aqui. Gerald Granger.


_Draco Malfoy. – Draco respondeu, mais uma vez, percebendo um leve olhar de horror nos olhos de Gerry, seguido pela confusão. Ele olhou para Hermione e ela sorriu um pouco desesperada.


Lembrava-se de que Hermione já havia comentado sobre alguns desentendimentos com um garoto chamado Malfoy. Seria aquele o tal garoto?


Rumando seus pensamentos para outro canto, Jane tirou-o de seu devaneio.


_Bem, nós estávamos prestes a fazer um lanche, vocês querem nos acompanhar? – disse levemente, com entusiasmo trazendo cadeiras extras para a mesa de jantar.


_Claro, estava com muitas saudades das coisas feitas pela senhora, mãe. – Hermione estava realmente com fome, e ignorou o puxão leve de Draco na mão dela e puxou-o firmemente à mesa, observando olhar aguçado de seu pai em seus dedos entrelaçados. Ela sentou-se e, em seguida, levantou-se e foi em direção a sua mãe afim de ajudá-la a colocar os pratos. Seu pai estava tentando manter uma conversa com o loiro.


_Então, o que você achou do jogo do Rivers na noite passada? Você assiste futebol? – Gerry perguntou, balançando a cabeça encorajador. Draco estava desesperadamente tentando se lembrar onde tinha ouvido falar de “futebol”.


_Eu amo o futebol. – Respondeu friamente, olhando para Hermione em desespero, enquanto ela se sentou ao lado dele, mal reprimindo o riso.


_Oh... oh.... Que bom, então. Você joga? – Gerry perguntou, olhando para a filha confuso.


_Pai, Draco é um bruxo. Ele nunca deve ter ouvido falar de futebol antes. – Hermione interrompeu.


Revirando os olhos, Draco corou e olhou para o prato.


_Essa é a coisa que Seamus Finnigan está sempre falando! – Ele murmurou. Havia se lembrado do colega de classe ter comentado com alguns alunos da Sonserina a respeito desse esporte, por ter estudado ele nas aulas de Estudos dos Trouxas. Draco achava essa aula perca de tempo no passado, mas agora que pensava diferente iria se matricular nessa aula assim que fosse possível, para que coisas como essas não viessem a acontecer de novo quando estivesse no meio dos parentes de Hermione. Ficou um pouco mais sem graça quando percebeu que havia chamado a atenção de todos para ele. 


Ele rapidamente olhou para baixo de novo, resmungando algo para si mesmo.


Tentou se lembrar de algo sobre a vida dos trouxas, mas e.stava complicado. Gostaria de falar sobre Olivia Newton John, mas o que falar? Só havia ouvido algumas músicas apenas, mas era o suficiente para conhecer e gostar. Quando decidira por falar...


_Então, Draco, você também estuda em Hogwarts? – Jane perguntou educadamente. – Ou em outra instituição?


_Hogwarts, senhora. Ouvi dizer que você é um dentista. – Draco balbuciou, sorrindo. Ele finalmente disse algo que achava útil descobrir.


_Sim, nós dois somos. É por isso que Hermione tem dentes tão adoráveis.  – Gerry brincou. O Grangers riram, mas Draco olhou para eles fixamente.


_Não é não. É porque eu os fiz crescer no terceiro ano, eles ficaram enormes, mas dai alguém estragou o meu feitiço fazendo eles encolherem e ficaram menor do que eram antes. – Ele disse, franzindo a testa.


Hermione beliscou-o quando Gerry olhou para ele confuso e Jane reprimiu uma risada. Ela nunca contava que tinha desavenças com alguém da escola. Draco ia abrindo a boca novamente, mas Hermione beliscou-o novamente, muito mais forte dessa vez, e ele deixou escapar um pequeno ruído de dor disfarçando o riso. 


_HA! Ha ha ha... – Ele olhou para ela  enquanto ria baixinho. – Então... Que tal vir aqui algum dia para que possamos assistir a uma partida de futebol e eu possa lhe explicar as regras.


Draco assentiu e Gerry sorriu.


_Isso é muito bom. – Ele disse, mais uma vez olhando para seu prato. Miranda tomou isso como uma chance de começar a servir.


_Não é nada muito especial, trabalhei até tarde hoje. Nós temos um pouco de salada para começar e frango ao curry com arroz. – Ela dissertou, entregando a salada ao loiro.


_Nossa mamãe, frango ao curry é um dos meus pratos favoritos. Como adivinhou que eu estaria aqui para jantar? – Hermione perguntou, casualmente, servindo a salada a Draco. - No mundo mágico a comida muitas vezes só aparece no seu prato. – Ela explicou.


Jane apenas sorriu com o comentário.


_Então Hermione, o que te trouxe pra casa? Achamos que voltaria só nas férias e que daria uma desculpa qualquer par não ter respondido nossas cartas. – Gerry perguntou e ao mesmo tempo Hermione percebeu que não teriam uma conversa tão fácil.


_Bem, eu precisava falar com vocês... Sobre um monte de coisas. E uma delas é algo que eu já deveria ter dito há muito tempo, mas a minha vida tem sido complicada, e o tempo passou mais depressa do que eu pude dizer-lhes. – Hermione olhou para seus pais, que já estavam procurando astutamente entre ela e o Draco.


_Então, qual é a grande novidade? – Jane perguntou.


_Pois bem. A notícia é muito grande. – Hermione olhou para Draco quando ela apertou a mão debaixo da mesa. – Draco e eu... estamos envolvidos. – Houve uma longa pausa, seguida de um barulho quando Gerry deixou cair sua garfada de salada de volta no prato, levantou-se e sentou-se novamente, com a boca ligeiramente aberta.


Draco olhou para ele e viu uma certa insegurança percorrer-lhe o corpo.


_Oh, meu Senhor! Oh... Hermione... bem... parabéns, eu suponho... – gaguejou Jane.


_Estamos namorando há três meses, mas nós já nos conhecemos há bastante tempo. E sim, nós costumávamos sermos... adversários pai. – Respondeu a pergunta muda do homem já sabendo que ele ia questionar isso. – Eu acho, mas... as coisas mudaram. Passamos por alguns... difíceis momentos juntos e nosso relacionamento é muito forte e honesto e, bem, vamos nos casar este verão. – Hermione explicou, tendo dificuldade em encontrar as palavras certas. Agora que havia começado não teria como parar.


 _Por que a pressa? – Gerry perguntou, ainda olhando profundamente chocado. Hermione corou. E Draco ficou ligeiramente desconfortável. Gerry não demonstrava, mas parecia ser um pai ciumento ao extremo. Entendia e reconhecia possessividade quando encontrava alguém que nutria esse tipo de sentimento mais do que ninguém afinal ele era um expert no assunto.


_Talvez devêssemos esperar para falar sobre isso depois do jantar. – a castanha disse levemente desconcertada.


Jane arregalou os olhos quando ela olhou para as bochechas rosadas de sua filha.


_Hermione Granger. Olhe para mim neste instante. – Ela disse. Hermione olhou para cima e encontrou os olhos de sua mãe. Miranda empurrou a cadeira para longe da mesa e se levantou. Arregalou os olhos, perplexa. - Prezado Senhor Gerald, nossa filha está grávida! – Ela disse, com voz trêmula.


_Hermione! – Gerry alteou a voz, olhando casal a sua frente. A confirmação estampada nos olhos da filha. Hermione assentiu em silêncio.


Todos olharam para Jane, que estava olhando para a filha com uma expressão estranha. Ela quase parecia estar a ponto de...


Ela caiu na gargalhada.


A expressão certa seria explodir, mas o que Hermione viu foi uma sonora gargalhada de alegria.


_Eu sabia!... Hermione!... Filha, você vai ter um bebê? Eu vou ser avó?


A surpresa nos olhos dos pais, principalmente nos do pai deixou os corações dos dois jovens aliviados.  Gerry ficou calado por um tempo tentando digerir a noticia de que logo seria o avô mais jovem do bairro. Mas isso foi só por um período curto de tempo. Logo a conversa foi fluindo, e eles discutiram a relação do bebê e Hermione e Draco. Draco não podia acreditar no quão bem eles tinham aceitado a noticia. Sra. Granger estava radiante de alegria, e enquanto o Sr. Granger ainda parecia cauteloso, e ao mesmoo tempo parecia feliz.


Se fosse ao contrário, sua família, provavelmente teriam tentado assassinar Hermione quando eles descobrissem, mas por que falar nisso agora? Isso não acontecia mais, os Malfoy já haviam aceitado seu relacionamento com a Granger. O jantar passou rápido enquanto empolgados os pais de Hermione contavam e recontavam histórias de como ela era um bebê lindo e doce.


Depois do jantar, todos eles se mudaram para a sala. E se sentaram em casais, porem em poltronas diferentes.


_Então, vocês realmente não estão brigando, me trancando no quarto ou me expulsando de casa por isso? – Hermione perguntou. Tinha que fazer essa pergunta. Era uma noticia muito bombástica para que se fosse aceita de maneira tão pacifica.


_Bem, não. Você realmente cresceu nos últimos anos, enquanto estava fora, e estamos muito orgulhosos de você. Confiamos em seu julgamento. –Jane disse, sorrindo ao olhar para o loiro. – Embora saiba que é um tanto cedo para terem uma criança.


_O que ela quer dizer é que ela tinha apenas 19 anos quando a teve querida. Assim seria hipocrisia julgar o ato de vocês dois, já que cometemos o mesmo deslize. – Gerry explicou, fazendo-os sorrir e Jane beliscou o marido de brincadeira.


_E olha a nossa coisa linda a nossa frente. – Ela disse e Hermione ruborizou. – E além disso, eu acho que é fisicamente impossível para uma mulher ser infeliz sem ter um neto, não importa quais sejam as circunstâncias. – Ela acrescentou, rindo.


_Os chocalhos e mamadeiras já estão dançando em seus olhos, Hermione. Não há como voltar agora. – Gerry brincou.


Draco não conseguia acreditar como os pais de Hermione aceitaram tão facilmente essa realidade. Tão normal e amigável, feliz. Imagine se Lúcio e Narcissa tivessem sido como eles no passado? Com certeza teria tido uma infância mais feliz... Hermione estava olhando para ele agora  séria, e ele percebeu que ela tinha finalmente  havia encontrado coragem. Ele agarrou a mão dela e beijou-a discretamente, apegando-se firmemente quando ela se voltou para seus pais.


_Mas... Eu acredito que há uma coisa desagradável há dizer. – Hermione disse, notando a preocupação dos pais – O que lhes direi agora, será difícil de acreditar. Mas confie em mim, mais difícil que acreditar é contar-lhes isso. Mas Draco me deu forças para contar. - Hermione olhou para seu noivo em busca de apoio, e ele sorriu de modo encorajador, puxando uma mecha de seu cabelo encaracolado e colocando atrás da orelha.


Jane e Gerry olhamos um para o outro, simultaneamente, notando juntos o carinho de Draco com ela, e ela soube que eles aprovaram a sua escolha. Hermione deu um suspiro profundo, acalmando-se e afastou-se do  confortável e familiar olhar cinzento de Draco.  


_Trata-se de Don...


****


Hermione se levantou e sentou-se entre seus pais. Draco permaneceu onde estava, olhando com um estranho sentimento de tristeza misturado com a inveja pela preocupação dos Grangers.


_Mãe e pai... Sobre a história de Don ter abusado daquela menina...


_Filha sei que é difícil de acreditar, mas não obtiveram provas o suficiente. Sei o quanto ama o seu tio, mais ele... pode ser inocente. – sua mãe disse a interrompendo.


_Ele não é inocente. – Ela quase gritou sentindo os nervos a flor da pele.


_Como pode dizer isso com tanta certeza filha? Seu tio é um beberrão sem juízo... mas praticar um abuso desses é hediondo. – O pai o defendeu.


_Ele não é inocente porque eu mesma já passei por isso. – Ela disse com um fio de voz.


_O que? – Sua mãe gritou se levantando e levando as mãos a boca em espanto.


Hermione olhou para Draco e piscou sentindo a visão turvar com as lágrimas.


_A primeira vez foi quando eu tinha de oito para nove anos... Bem antes de ir para Hogwarts.


_Jesus Cristo! – Agora foi a vez Gerry gemer.


_Ele freqüentou meu quarto algumas vezes durante a noite... eu no principio não entendia que era um abuso até que sentir dor ao ser violada não fazia parte das “brincadeiras” como ele dizia. - As lágrimas de Hermione pingaram grossas juntas com a de sua mãe, seu pai tinha uma expressão estranha como se tivesse comido algo que lhe fizera muito mal. E Hermione continuou. – Pensei que não fosse continuar, e embora estivesse ferida física e emocionalmente, a alegria de entrar em Hogwarts me ajudou a superar. Conhecer Harry e Rony foi tudo de melhor que poderia me acontecer naquele momento. Mas no ano seguinte, ele voltou na segunda noite que eu havia chegado. – A garota soluçou e Draco estava prestes a abraçá-la. Mas o pai dela fez isso primeiro – Ele voltou e disse que eu era pecadora, que eu era a culpada por levá-lo ao pecado, e que eu seria responsabilizada se alguém soubesse. Eu não aceitei, e apanhei pela primeira vez.


Nesse momento Jane se uniu ao abraço da filha e do marido.


_Foram muitas vezes, aprendi rápido a esconder as marcas com magia e maquiagem, não queria que ninguém soubesse o que ele tinha feito comigo, aprendi a fazer o que ele queria assim evitava problemas. E ele me dizia o quanto eu era repugnante e quanto desgosto vocês teriam ao saberem sobre isso. E que me odiariam. Eu não queria o ódio de vocês.


_Como pôde aceitar isso filha? Como pode acreditar em mentiras tão vis?


_Eu tinha medo! Medo dele, medo do que vocês fariam se descobrissem.


_Mas não podia ter medo. - O pai dela disse nervoso.


_Ela era apenas uma criança. Não se pode deixar uma responsabilidade desde tamanho nas mãos de uma criança. – Draco comentou entrando na conversa, indignado.


_Sim, a culpa foi minha em não ver o que acontecia debaixo de meu nariz, dentro da minha própria casa... Eu me envergonho tanto.  E ainda mais pelo meu próprio irmão. – Jane soluçou inconsolável.


_Não foi responsabilidade de ninguém Draco, nenhum adulto sabia. Apenas ele. E nenhum de vocês tem do que se envergonhar, eu mesma tentei esconder isso o tempo inteiro. – Hermione afirmou ainda abraçada a mãe. – O fato é que eu aprendi a conviver com o abuso físico, moral e psicológico que ele me infligia. Mas agora... – ela suspirou – o Draco me deu forças para contar-lhes a verdade e acabar com isso.


_Querida como achou que não acreditaríamos? – Gerry perguntou também chorando.


_Estamos aqui agora querida. Sabemos a verdade e não vamos permitir que ele toque em você novamente. - Jane disse carinhosamente. Deu lhe um beijo no rosto e voltou a abraçá-la.


Draco admirou a cena, aliviado que agora não havia mais segredo e Don certamente pagaria por seus erros. Estava satisfeito, pois agora poderia contar com os pais de Hermione para que a protegesse daquele homem. Eles a amavam e cuidariam dela corretamente agora que sabiam a verdade. Admira-los assim unidos, o fez se sentir solitário.  Seus pais nunca se preocupariam com ele do jeito que os Grangers preocupavam-se com a filha. E ele soube que aquela criança que ela esperava, nunca seria como ele, ela teria amor, e ele seria o primeiro a se preocupar com aquela nova vida.


Hermione olhou para ele e sorriu entre as lágrimas e entre os emaranhados de braços que a rodeavam. Embora estivesse abraçado à filha, e extremamente silencioso Draco pode sentir a raiva absoluta de Gerry e a fúria contida.


_Nas ultimas ferias, eu estive aqui, e levei Hermione comigo, ela estava inconsciente, amarrada e machucada, na sujeira que vocês puderam comprovar. Eu acredito que se não tivesse a tirado daqui ela não sobreviveria. O estado físico e mental era lastimável.  Mas eu não pude impedir que outro abuso fosse consumado. Essa criança que ela trás no ventre pode ser fruto desse último abuso. – Draco contou calmante, e o choro de Jane cresceu. – Mas isso é assunto nosso, essa criança é minha agora, e tendo ou não meu sangue eu sou o responsável por ela.


_Inferno! Não pode ser... Não. Desgraçado! Eu abri as portas da minha casa para ele. Ele não podia ter feito isso!


Draco piscou com a súbita explosão de Gerald.  Hermione se assustou também.


Gerry gritou alto, ele não era do tipo que gritava, mas Draco poderia dizer, olhando para ele que sua raiva era absoluta. Ele estava completamente pálido. Seus olhos recaíram sobre uma foto de Don, num aparador num canto. Seus olhos ficaram um pouco vermelhos de raiva.


Hermione não tinha sido capaz de dizer a seus pais, Draco tinha contado tranquilamente, falando com tanta sensibilidade quanto possível, considerando a raiva  invocada só de pensar naquele homem. Não poderia deixar mais horrorizado aquelas duas pessoas, já que dizer que eles estavam chocados pareciam eufemismo diante da verdade.


_Eu só não entendo! Depois de tudo o que fizemos para ele! Ele é o nosso sangue! Como ele poderia fazer uma coisa dessas? – Jane sussurrou, lágrimas ainda escorrendo pelo rosto.


_Sra. Granger... seu irmão cometeu um crime... – tinha vontade de dizer que ele mereceria Askaban, o beijo do dementador, que ele mereceria todas as maldiçoes imperdoáveis de uma só vez, mas pensou em Hermione, e no seu coração e em sua mente dependente daquele crápula. – Seu irmão não está bem. Ele é um alcoólatra, mas ele obviamente tem algum tipo de problema mental. Ele poderia até mesmo ser um sociopata. Provavelmente ele também foi vítima quando criança, mas seja qual for à razão, sua mente está distorcida. Ele precisa de ajuda. Não podemos deixar que ele seja uma ameaça para Hermione e o bebê ou qualquer outra pessoa. – Draco argumentou tentado fazer os pais da garota voltarem para esse lado da história.


Foi engraçado como ele poderia dizer aquelas frases em um tom tão profissional, enquanto se imaginava fazendo atrocidades com ele, talvez arrancando o intestino daquele idiota pelo nariz, seria algo que sua mãe apreciaria numa tortura, sim era seu lado Narcissa dele. 


_Eu sei, eu sei... Mas é ainda demais imaginar que ele tenha motivos para ter feito isso. – Jane foi cortada pelo som da porta batendo. Todos ficando completamente silencioso.


_Jane? Gerry? Estão em casa? Eu vim aqui para perguntar se eu poderia... – ele parou de falar, quando viu todos eles na sala de visitas.


Ele deu um passo em direção a eles e Draco se levantou, sentindo um impulso irresistível de pegar Hermione e desaparatar. Don parou e olhou em volta, novamente, calculando, analisando a situação, a cara de choro de sua irmã, os olhos de sua sobrinha e a quietude mortal dos outros dois homens. Ele se virou para Hermione, agora cerca de 6 metros de distância dela. Ele a encarou, seus olhos faiscando, ela balançou a cabeça minuciosamente, com os olhos aterrorizados e culpados dizendo-lhe tudo o que ele precisava saber.


_Don. – A voz de Gerry era firme quando ele se dirigiu a sua pessoa, mas o olhar de Don não vacilou de Hermione.


_Vadia estúpida. Você disse a eles não é? Você me traiu depois de tanto tempo... – ele gritou. – Disse a eles sobre nós? Você é o demônio.


_Isso é o suficiente! – Jane gritou, levantando-se e movendo-se para seu irmão. – Saia daqui! – Ela gritou sem fôlego, voltando-lhe as costas e mais uma vez voltando para perto de Hermione. Don ainda não tinha quebrado o contato visual com Hermione quando ele começou a sair pela porta da sala.


_Prostituta. – Ele xingou olhando para Hermione mais uma vez.


Antes que alguém pudesse compreender o que estava acontecendo, Hermione tinha voado para ele e se agarrado desesperadamente a volta de seu tio, soluçando.


_Sinto muito! – Ela gritou chorando. Don parou de andar.


Draco já estava se movendo na direção deles, mas já era tarde demais. Ele assistiu com horror quando Don usando de todas as suas forças, arremessou Hermione longe dele. Viu como ela atingiu o sistema de som com um grito, derrubando-o no chão, e viu como ela caiu no chão com uma batida, sua cabeça batendo no canto do alto-falante e fazendo a castanha desmaiar.


Era como se o mundo estivesse em câmera lenta, enquanto a sala inteira se virou para olhar para ela e o acúmulo de sangue sob a cabeça, os olhos dela suavemente se fecharam. Jane e Gerry correram para sua filha, Draco fez uma dura decisão em uma fração de segundo. Ele se afastou de sua noiva e abordou o homem de cabelos negros com apenas um pensamento na cabeça: Matar...


Hermione não seria capaz de impedi-lo de matar Don neste momento. Talvez ninguém seria.


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