Era aproximadamente oito horas da noite e Hermione estava ali, sentada no bar daquele restaurante. Sentia os músculos de seu corpo tremerem com um tipo de nervosismo que estava atormentando-lhe internamente. Ela ainda estava pensando se fizera a escolha certa quanto à roupa que usaria para conhecer naquela noite, o homem que a contratara. Depois de horas de escolha, optara por algo simples, afinal, ele queria apenas seu útero, não importava sua aparência. Mesmo assim, não queria nada vulgar ou que lembrasse o estilo de uma velha. Seu guarda-roupa não lhe dera muitas opções, ultimamente a última coisa com o que se preocupava eram roupas e sapatos.
O único jeans novo que possuía era bem sensual, a cintura da calça era baixa, com um cós bem largo, valorizando os quadris, além disso, as aplicações de strass davam um acabamento elegante à peça. A blusa mais nova que tinha, comprara ainda quando Rony era vivo, e a escolhera com o intuito de provocá-lo, já que deixava seu umbigo à mostra. Mesmo a muito custo, ela conseguira afastar esse pensamento e vestira a blusa, era perfeita para aquela noite e não tinha outra opção, também. Odiava usar salto alto, mas costumava usar quando ela e Ron iam jantar em lugares elegantes, pois ele era bem mais alto que ela, e dizia que os saltos o excitavam. Rindo dessa recordação, ela fora até o sótão e calçara a sandália preta, que nunca saía de moda. Rezou para que ninguém reparasse no modelo um pouco ultrapassado.
Tentou sozinha dar um jeito no cabelo e, como não conseguiu, passou num cabeleireiro bruxo que conhecia,a fim de solucionar aquele seu grande problema, e dentro de 5 minutos suas madeixas castanhas estavam domadas. Como ela amava a magia! Os cachos já não existiam mais, o brilho era intenso e um corte mágico realmente fazia a diferença. Aproveitara para fazer a maquiagem, nem se lembrava de quando fora a última vez que se maquiara de verdade. Rony sempre dizia... Ah, era melhor nem se lembrar disso, ou não faria mais nada além de voltar para casa e chorar.
Sentada cabisbaixa naquele bar, ela se lembrava de que há poucos minutos o advogado bruxo encarregado de apresentá-los saíra dali:
- Como vou reconhecê-lo? O senhor deveria, ao menos, me dizer o nome dele. - ela reclamou. - Como ele é?
- Certamente não é do tipo que a senhora se envolveria. Meu cliente é a figura mais altiva que entrar por aquela porta. - ele disse, medindo-a de cima embaixo, dando-lhe as costas e afastando-se dela, que estava levemente irritada, enquanto lançava suas últimas palavras - Não se preocupe, ele a encontrará. – dizendo isto, ele a olhou desdenhoso e partiu.
*************
Draco encontrara o advogado no estacionamento do bar quando estava chegando ao estabelecimento. Sabia que devia estar um pouco atrasado, mas agradecia internamente por ter cruzado o caminho do advogado, havia algo que precisava perguntar a ele, e era de extrema importância. Aproximando-se ligeiro do homem, Draco o interceptou antes mesmo que ele aparatasse.
- Como vou encontrá-la? – Draco indagou a ele, ansioso para conhecer a mulher com quem iria gerar um filho. - Vamos voltar até lá.
- De maneira alguma, tenho um compromisso inadiável. – cortou-o depressa, ameaçando aparatar dali sem maiores informações.
- Mas eu lhe pago para isso. – Draco esbravejou, estava curioso em relação à moça que havia contratado, uma vez que não fazia idéia de quem se tratava.
- Mas o senhor não é meu único cliente! – retrucou o advogado.
- Mas com certeza sou o mais rico e o mais importante deles. – Draco estava começando a se irritar com a insolência do advogado.
- Você vai encontrá-la! - ele disse, começando a andar, novamente, como se tudo realmente fosse simples da forma como ele colocava.
- Como ela é?- Draco suspirou vencido, e o homem riu.
- Ora, certamente não é do tipo que o senhor colocaria em sua cama. Ela é simples. Todas por lá parecem estar prontas para o Oscar, ela não, embora esteja muito elegante.
- Droga! Como ela é? - Draco perguntou novamente, estava super irritado dessa vez, tudo o que queria eram descrições físicas.
- A castanha mais linda que eu já vi. E está sentada no bar. – disse o advogado, até mesmo de forma sonhadora. - Até mais, Senhor Malfoy, eu entro em contato. – completou antes de aparatar dali.
- Estúpido! - Draco xingou o homem entre sussurros, entrando no restaurante.
Estava curioso e havia um tipo de urgência em conhecê-la imediatamente. Assim que adentrara o salão, deu uma rápida olhada em todo o ambiente, e logo se encaminhou em direção ao bar onde sabia, segundo o homem, que a mulher estaria. Avistou-a ali, cabisbaixa, o cabelo sedoso estava jogado para frente, de modo que ele não podia ver o comprimento do mesmo, mas admirou o brilho que emanava deles, e pôde vislumbrar toda a extensão das costas nuas dela e de sua nuca. Certamente não seria nenhum sacrifício fazer um filho com ela, ele pensou nisso com os olhos vidrados nos quadris cheios da morena.
Aproximou-se devagar e, ao perceber que ela bebia um drena, disse-lhe:
- Não devia estar ingerindo álcool, se quer mesmo conceber uma criança!
A voz arrastada dele fez com que ela saísse de seus devaneios e articulasse uma resposta imediata àquelas palavras.
- Acho que há um pequeno passo que ainda deva ser tomado para que a concepção possa acontecer, você não acha? - ela disse, virando-se lentamente e encarando de baixo para cima o homem atrás de si que lhe dirigia a palavra.
Os olhos de Draco pousaram sobre os lábios umedecidos e na decotada blusa que ela vestia antes de encarar o rosto da mulher a sua frente. Ele não pôde evitar o sorriso débil ao constatar a sua beleza e seus seios fartos.
- Você é muito bonita. Porém, tenho a impressão de que a conheço. - ele disse, encarando-a nos olhos - Mas certamente que não. Eu não me esqueceria de alguém como você.
Hermione sentiu seu coração querer saltar pelo peito, não era possível! Com tantos homens na face da Terra, por que justo ele tinha que aparecer?
Realmente, ele era uma figura muito imponente trajando seu terno de grife, usando seu perfume caro e com seus cabelos loiros que ainda estavam como nos tempo de escola, porém mais leves e mais soltos. Estava realmente muito bonito, mas ela preferia morrer a admitir isso.
- Certamente não se lembraria de uma inimiga estudantil de sangue-ruim. – Disse a ele, de forma firme. - É típico de sua pessoa não se lembrar de nada, nem de se apresentar.
- Granger? - ele perguntou desconfiado, olhando-a nos olhos.
- Por que está falando comigo? – Hermione indagou a ele. - E como sabe sobre a concepção de uma criança?
- Simples! Sou eu quem quer essa criança. – respondeu a ela, estava levemente nervoso e irritado. - Agora me diga, o que você está fazendo aqui?
- Ah, não! - ela disse, tentando esconder o tremor de suas mãos.
- Não o quê?
- Eu estou aqui esperando alguém para... - as palavras lhe faltaram.
- Para o que Granger?
- Eu assinei um contrato Malfoy, e estou esperando a pessoa que me contratou. - ela disse ríspida.
- Para quê Granger? Contrataram você para quê?- ele indagou a ela, impaciente.
- Não te devo explicações. Sai fora! Não quero ser encontrada com outra pessoa.
- Ah! Engraçado! Pois eu estou aqui em busca de certa morena estonteante que estaria no bar!
- E porque me procuraria, Malfoy?- ela perguntou, mas no fundo já sabia o que estava acontecendo, só não acreditava nessa possibilidade.
- Porque eu contratei alguém para gerar o meu herdeiro. - Ele disse, observando-a se empalidecer diante de suas palavras, tanto que ele achou que ela desmaiaria.
- Não é possível. - Ela resmungou, afundando o rosto entre as mãos.
- Claro que é Granger! – confirmou a ela, firme. - Eu sou o homem que contratou uma barriga de aluguel. E, pelo visto, você é a mulher que aceitou minha proposta. Só espero que seus amiguinhos não venham atrás de mim. - Ele disse, e imediatamente fez uma careta ao se lembrar do trio maravilha de Hogwarts.
- Eu não sabia que era você! - Ela se defendeu.
- E nem eu sabia que era você, Granger. – disse a ela, sincero. - Mas certamente você imagina a gravidade da situação em que nos metemos, certo? – disse, sentando-se ao lado dela. Ambos apoiaram os braços no balcão tentando digerir a última informação.
- É um contrato mágico, não é? Não pode ser rompido! - Ela perguntou, já sabendo a resposta.
- Não até cumprirmos o combinado. - Ele confirmou, para total desespero dela.
Houve alguns instantes de silêncio entre eles até que ele prosseguisse no diálogo:
- Por que você se vendeu dessa maneira?
- E por que você precisa de uma barriga de aluguel?- ela rebateu, fazendo-o sorrir diante da indagação.
- Não perde o hábito de me irritar não é mesmo? - Draco alfinetou.
- Não! E você não perde o hábito de querer ser superior e sempre ter as respostas primeiro, não é? - Ela retrucou.
- Olha Granger, podemos ser racionais, nós temos um impasse a ser resolvido! Eu não me importaria de dividir a cama com você para gerar o meu herdeiro, desde que você não chame o cicatriz e o pobretão como guarda-costas.
- Deixa o Rony fora disso! - Ela disse entre dentes, evitando olhá-lo nos olhos.
¬ - Eles sabem o que você fez? - Ele perguntou, fitando-a curioso.
- Não! - Respondeu direta.
- E quando eles souberem? - Havia certo ar de diversão na voz dele.
- Não devo explicações a ninguém! – respondeu áspera a ele, visivelmente irritada com todas aquelas indagações.
- Tudo bem! – Draco resignou-se. - Vou ver com o advogado o que ele pode fazer por você. E vou avisá-lo de que precisa contratar outra pessoa para o serviço. - Ele disse, constatando que era inconcebível se deitar com Hermione. Não por ele, mas sabia que ela mesma não aceitaria.
Ela sabia que era isso mesmo que deveria ser feito quanto ao caso deles, mas sua mente vagou repentinamente pelas lembranças do hospital, em um surto repentino, lembrando-se de todas as crianças sorridentes. Era por essa razão que havia se submetido àquele acordo e não iria se esquecer disso um minuto sequer já que havia um propósito maior em suas escolhas e precisava honrá-lo.
- Quem disse que não vou cumprir o contrato? – ele a olhou como se visse uma assombração bem diante de si.
Era claro que ele ia adorar transar com a Granger e ver o comportamento tão certinho dela saindo da linha na hora do sexo, porém, ver isso acontecer era muito estranho. Mesmo que estivesse disposto a viver aquele tipo de experiência ao lado dela, e mesmo que estivesse desejando um herdeiro, era inevitável não se surpreender com a escolha dela.
- Você deve estar brincando. – Draco disse, duvidoso e levemente assustado.
- Não mesmo Malfoy! Eu preciso desse dinheiro. E, por favor, vamos acabar logo com isso, quanto mais cedo começarmos, mais cedo terminaremos.
- O que propõe, Granger? Que eu a possua aqui mesmo? Agora? Em público? - Ela ficou ruborizou e sentia sua respiração acelerada com aquelas palavras.
- Não seja idiota. Seu advogado sabe onde me encontrar, me procure quando tiver uma sugestão mais plausível! – ela se levantou, fazendo com que os olhos dele pousassem diretamente sobre sua barriga nua, e, ao se virar, deu a ele uma bela visão do seu traseiro. - Aliás! Não sou mais uma Granger. Sou uma Weasley. - ela disse e saiu dali, deixando-o boquiaberto, tanto pela revelação quanto pelo corpo bonito.
Possesso de raiva, ele ligou para seu advogado dali mesmo daquele bar, precisava não apenas resolver aquela situação o mais depressa que fosse possível, mas também, precisava descontar sua raiva em quem havia causado todo esse transtorno a ele.
- Seu idiota! – esbravejou assim que a ligação foi aceita, sem dar tempo algum para que o homem do outro lado da linha se pronunciasse. - Por que não me contou que ela era casada? Nenhum marido em sã consciência aceitaria isso! Você é burro ou o quê?- ele quase gritou ao telefone, lembrando-se de que estava cercado de pessoas e precisava manter uma postura respeitável, porque era exatamente isso que ele era: um homem respeitável.
- Mas a moça não é casada. Ela é viúva, há cinco anos. - informou o advogado, tentando defender-se da aparente ira de Draco. - Espero que você já não tenha brigado com ela, porque pelo seu estado de nervos...
- Está bem! – ele suspirou, ainda tentando assimilar a última informação. - Marque com ela para a próxima semana. Vamos fazer uma viagem.
Ele tinha todas as idéias em sua cabeça e as colocaria em prática muito em breve, mesmo que ainda estivesse chocado com as recentes descobertas. Nunca poderia imaginar que faria um contrato com Hermione, por quem havia nutrido uma repulsa inexplicável em tempos escolares. Mas agora era tudo completamente diferente, ele não era mais o mesmo Sonserino daquela época de Hogwarts. Era um homem, e não apenas um homem responsável, mas um homem que fora suficientemente capaz de rever todos os seus conceitos e modificar todos os seus princípios básicos. Talvez ele mesmo pudesse afirmar, agora, que era uma pessoa melhor.
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