Cap.33 Novidades
Demorou vários minutos para que ambos controlassem suas respirações e seus batimentos cardíacos... Hermione se desvencilhou rápido dos braços dele e correu para o banheiro.
Não podia acreditar que se entregara daquela maneira, que fora tão fácil. Por que seu corpo reagia ao dele com tamanha naturalidade como se fossem velhos conhecidos? Mas nenhuma lembrança viera a sua mente. Nenhuma. E aquilo a angustiava mais que tudo. Entrou no banho, seu corpo ainda lânguido pelas sensações que sentira.
Do lado de fora do banheiro, Draco se sentara próximo à porta. Queria saber se ela chorava, se estava arrependida de algo. Sentia-se estúpido por tê-la induzido a fazer amor. Talvez estivesse errado, talvez tivesse conseguido apenas o alívio de seu corpo, mas não o de seu coração.
Hermione já saiu do banho vestida e pronta para aula, e se assustou com ele na beirada da porta.
_Oi, o que está fazendo aqui?
_Você não me disse nada, fiquei preocupado e achei melhor ficar aqui perto, para o caso de você precisar. – ele disse e ficou de pé ao lado dela.
_Estou bem.
_Hermione, precisamos conversar. – ele disse e ela tentou se afastar, mas as mãos dele a seguraram agilmente. – Vou tomar um banho e a gente se fala. - ele disse beijando-a nos lábios e entrando no banheiro.
...
Hermione se arrumou com capricho. Apesar do uniforme já estar um pouco apertado, se arrumou e passou um perfume.
“Merlin, estou me arrumando para impressioná-lo.” Ela disse a si mesma e sorriu. Não demorou muito para ele sair, também parcialmente vestido, do banheiro. Ela não resistiu ao impulso de ir até ele e arrumar a gravata sonserina pendurada de mal jeito em seu pescoço. Ele sorriu levemente com o gesto.
_Você se lembrou de alguma coisa? - ele se arriscou a perguntar.
_Não.
_Então, se arrependeu do que aconteceu?
_Também não. Eu simplesmente não consigo te odiar, como era antigamente. - ela contou tímida e ele sorriu.
_Não existe mais ódio, Hermione, não entre nós.
_Não, é provável que não.
_Hermione, me olhe quando estiver falando. - ele exigiu se sentando e fazendo-a se virar para ele. - Gosto de ver seus olhos quando fala comigo. Assim não pode mentir.
_Não tenho porque mentir. - ela disse num fio de voz - Não me lembro de nada.
_Tudo bem... - ele disse desgostoso, se afastando. - Não toco mais em você...
_Quem disse que não quero ser tocada? – ela disse desafiadora e ele se voltou para olhá-la.
Ela estava muito ruborizada.
_É estranho. Não me lembro do que se passou. Mas me sinto bem ao seu lado. Senti-me completa em... - ela o olhou como se tivesse medo de continuar, e ele arqueou as sobrancelhas como incentivo – Seus braços. - ela disse com um pigarro.
Draco não pôde evitar sorrir, caminhou até ela e a beijou devagar.
_Tudo bem, vamos superar isso! Você vai ver. – ele disse carinhoso.
_Você se importa de reavivar as minhas memórias com mais momentos como esses dessa manhã? – ela disse angelical.
Draco gargalhou.
_Não, minha cara esposa. É claro que não. – ele a enlaçou para um beijo e a rodopiou pelo quarto. – Seremos felizes... Eu... Você e ele... – ele a colocou no chão e acariciou a barriga por sobre o tecido branco da camisa.
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Draco fez questão de levar Hermione às aulas que tinham separados, mesmo que tivesse de refazer o trajeto para sua aula correndo. Entrou na sala de Herbologia atrasado e se sentou ao lado de Blaise.
_Hum. Pelo jeito a noite foi boa. Chegando atrasado. - ele disse safadamente.
_Não a noite em si, mas posso te garantir que acordei com o pé direito. - ele disse rindo e se ajeitando.
_Hum, animadinho... Aposto que liberou suas... Tensões.
_Ah, ela continua tão maravilhosa como sempre, mesmo sem memória.
Blaise arqueou as sobrancelhas e Draco sorriu sonhador.
_Foi tão bonito! Apesar dos pesares, ela estava muito receptiva. E foi romântica a forma que aconteceu. - ele disse sincero, sem pensar muito.
_Ah! Poupe-me dos detalhes sórdidos. - Blaise falou com uma careta.
_Isso é inveja. Há quanto tempo não pega ninguém, Zabine? – Draco perguntou atrevido.
_Não começa a contar vantagem, Você também estava numa necessidade esses dias. - Blaise mostrou a língua.
_Ah, mas sou um homem casado, meu caro. Esses problemas não me pertencem.
_Na verdade, estou bem interessado numa certa ruiva grifinória. – Blaise contou ao verem Harry e Gina chegando ainda mais atrasados a aula.
Suas feições demonstravam claramente que vinham de um encontro amoroso.
_Adoraria vê-lo tira-la do Potter. Um par de chifres cai bem com aquela cicatriz. - Draco acrescentou maldosamente.
_Feito.
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Os olhares de Pansy e Romilda se cruzaram no salão ao verem Draco e Hermione chegarem de mãos dadas e expressões satisfeitas, sentando-se para o almoço sem se importarem com mais nada.
Na mesa grifinória, Harry estava de mau humor.
_Ela nos abandonou mesmo, veja foi correndo para a mesa da Sonserina.
_O que foi, Harry? Ela é casada com ele. Supõe-se que ela deve seguir o marido. - Gina disse irritada, porém olhando para os amigos, que comiam animadamente. – Você devia deixar de ser ranzinza e aceitar que eles se amam.
_Não, Gina, não aceito. Acho que ele a ludibriou.
_Harry, você sabe a verdade! Mas eles estão casados e ponto. Vão ter um filho. Potter, se você continuar com isso eu juro que te deixo.
_Perdeu o juízo, Ginevra?
_Não, Harry, quem perdeu o juízo foi você! - ela disse extremamente chateada.
E seus olhos se encontraram com mesa da Sonserina e foram diretamente ao moreno, que lhe sorriu. Sorriso que ela correspondeu muito timidamente, já que seu namorado estava a sua frente.
_Que sorriso é esse? – ele perguntou olhando ao redor – Para quem está rindo assim? Espero que não seja para o tal Zabine, estou observando ele há dias, cheios de sorrisinhos...
_Harry, perdi a fome... - ela disse saindo.
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Dois meses depois...
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Os dias se passaram nas mesmices diárias...
Embora Pansy e Romilda ainda continuassem cochichando pelos corredores, as duas pareciam quietas. Quietas o bastante para se livrarem de maiores suspeitas... Harry estava mais distante de Hermione e Draco. Gina estava impassível, seu namoro com Harry estava cansativo. Ronald estava cada vez mais solitário, se sentia frustrado por ter perdido o amor e a amizade de Hermione, pois, embora eles conversassem, não suportava vê-la ao lado de Draco, mas respeitava a vida que ela levava.
...
_Oi! - Hermione disse próxima a Rony.
_Oi! Você está... - ele pensou nas palavras, queria dizer bonita, mas achou melhor não - Diferente.
_É, a minha barriga está crescendo, quase não tenho roupas que me sirvam. – ela disse meio sem graça - O Draco e eu vamos a Hogsmead encomendar roupas para mim nesse final de semana.
_Hum, já se lembrou de alguma coisa?
_Não. Minhas memórias não voltam, mas eu me acostumei a ele. Draco é legal.
_Tenho certeza de que é. - ele disse com desgosto.
_Rony, sinto a sua falta. Juro que sinto. Sua e do Harry, mas ele se afasta mais de mim a cada dia. – ela disse pesarosa.
_Ele ainda não entendeu que a perdemos. – ele disse triste.
_Vocês não me perderam, Rony. Estou aqui, não estou?
Ele sorriu triste:
_Sabe que não é a mesma coisa.
_Entendo que não posso sair por ai correndo, mandando e recebendo feitiços, mas - ela sorriu - sinto falta, mesmo assim.
_É... - ele suspirou – Eu também.
_Sua solidão me preocupa, Rony.
_Não se preocupe comigo, conseguirei superar...
_Rony, eu sinto muito...
_Não sinta, você está feliz, é o que me basta. Tenho que ir. Adorei falar com você. – o ruivo saiu depressa.
E, ao notá-la sozinha, Draco se aproximou rápido.
_O Weasley está mudado.
_Sim, está.
_Eu pensei que seria ele a criar mais problemas para a nossa relação. Odeio admitir, mas ele é melhorzinho do que o Potter. - Draco disse sincero.
_Ah, não gosto quando fala assim dele. Ele é incompreendido.
_Sim, Hermione, ele é... - ele disse não querendo desagradar a esposa.
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_Você ainda está enjoada?- Draco perguntou quando chegaram de Hogsmeade aquela tarde.
_Não. Já passou. – ela respondeu alisando o ventre redondo, exibindo a gravidez de seis meses, porém muito grande para o tempo gestacional.
Haviam passado num especialista que viera vê-la e ainda foram às compras. Ela usava muitas roupas agora que a barriga crescia desordenadamente. Era a segunda leva de roupas que ela perdia por estar maior a cada dia.
_Draco, está frustrado por não termos conseguido saber sobre o bebê?
_Um pouco, mas confesso que fiquei feliz pelo medibruxo ter afirmado que está tudo bem, que, caso contrário, já teríamos sabido.
_É.
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Gina e Hermione haviam assistido juntas ao jogo de quadribol entre Sonserina e Grifinória, que tinha terminado em impasse. A sonserina havia empatado o jogo nos últimos segundos. Draco voou diretamente à arquibancada onde a esposa estava. Era um empate, porém estava feliz como se fosse uma vitória. Ele abraçou e beijou Hermione, comemorando, enquanto Blaise o seguiu, ficando próximo a Gina e Hermione, que conversavam animadamente.
Apreensiva, Gina procurou seu namorado, mas Harry passou por eles carrancudo e não deu a mínima para ela.
_Acho melhor eu ir ver o Harry. - ela disse pesarosa.
_Gina, vai ter uma festa na Sonserina, não gostaria de vir? – Draco convidou maliciosamente
_Ei, mas vocês nem ganharam. Foi um empate. – Gina protestou.
_Sonserinos sabem se divertir, minha cara. - Blaise disse rindo e tomando água numa garrafinha, já que estava suado do jogo.
Gina engoliu em seco.
_Ah, Gina, sei que ama o Harry, mas ele não me parece estar disposto essa noite. – Hermione disse inocentemente e Gina sorriu.
_Está bem, mas não vou sem falar com o Harry. – ela disse e saiu correndo atrás do namorado.
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_Harry! Ei. – ela chegou até ele no vestiário.
_Que foi? O que quer comigo? Estava muito felizinha com seus amiguinhos. Volte para eles. - ele disse mal-educado.
_Você está sendo infantil!
_Porra, Gina, a minha vida é um desastre! O que mais você quer?
_Porque um desastre, Harry? Você venceu o Voldmord, é um cara bonito, rico e... - ela disse com lágrimas nos olhos, já pensando no que seu coração dizia incontrolavelmente nos últimos tempos. Ele não a amava.
_Eu perdi a Mione! - ele gritou descontrolado e bateu numa prateleira de materiais de jogos furiosamente com os punhos fechados. - Eu a perdi! Você não entende, eu a perdi!
Gina sentiu os lábios tremerem diante da fúria explosiva do namorado.
_É mesmo, Harry, talvez você a quisesse na sua cama, não é mesmo? E o que te enfurece é saber que ela se entregou a outro, que ela ama outro e que nunca será sua. - Gina disse com a voz embargada.
Harry a olhou, seus olhos tremendamente verdes brilhavam em fúria, mas se acalmou ao ver a perturbação da ruiva.
_Fale alguma coisa, Harry! Admita que a ama. Ama-a como mulher. – ela gritou sem conter as lágrimas.
_Gina eu... Eu... – ele tentou se aproximar dela.
_Me deixa, Harry! – ela saiu correndo sem dar a ele tempo de fazer alguma coisa.
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O campo de quadribol estava vazio. Rony jogou muito desinteressado e o resultado foi melhor do que ele tinha previsto. Se contasse seu estado de ânimo, teriam perdido muito mais feio do que o empate que aconteceu. Optou por caminhar antes de chegar ao vestiário. Caminhou por mais de uma hora quando, de repente, colidiu com algo que não podia ver. Assustou-se, a principio, e depois apenas ergueu a sua varinha e murmurou:
_Reveled encantaten...
Nada poderia prepará-lo para a visão a sua frente. Esperava qualquer tipo de feitiço das trevas. Mas não podia crer no que via.
Num espaço pequeno, de uns quatro metros, estava um feitiço que fazia o espaço em forma circular ficar todo branco... Flores ornamentavam as orlas do circulo e uma canção suave brotava de um toca-disco mágico estrategicamente colocado em um canto. No centro, rodopiava uma moça... Seus cabelos estavam em um coque meio frouxo, seu busto recoberto por um malha colante branca, que parecia apenas revelar os bicos delicados de tão ajustada à pele, descia encantadoramente por sua cintura fina, de onde pendia uma pequena saia feita de filó e rendas, em tons de rosa... Era muito curta, mas nada revelava das longas e ágeis pernas, que estavam recobertas por uma meia fina. Os pés bailavam lentamente pelo espaço, ditando o som da canção. Ou seria a canção que ditava o ritmo dos movimentos daqueles pés? Sentiu seu coração falhar ao notar a curvatura do pescoço delicado e os lábios perfeitos, os cílios longos nas pálpebras cerradas.
_Mérlin! - balbuciou quase sem som, porém despertou a atenção da jovem bailarina, que se desequilibrou e caiu exatamente encima do ruivo, que ainda estava no chão.
_Você é doido? Fez-me cair. – a voz da garota era melodiosa, porém percebia-se que ela estava irritada.
_Eu? Eu nem encostei em você!
_Como, por demônios, me descobriu aqui?
_Ei, deixa de ser estressada. – ele a empurrou de cima dele grosseiramente. - Eu apenas tropecei no seu feitiço estúpido.
_E por que não apenas o circulou e foi embora?! – ela disse se levantando.
_Por que precisa se esconder? É bonito isso que estava fazendo. - ele disse suave e sincero.
_Isso se chama ballet. E não estava me escondendo, só que não quero que... - ela ia dizendo enquanto desfazia o feitiço e pegava alguns pertences no chão.
Rony, porém, olhava diretamente para seu traseiro e, ao perceber o silêncio do ruivo, ela olhou na direção dele. E continuou.
_Isso não é da sua conta! ARGH! – Ela gritou nervosinha.
_Ow, menina, você é muito nova para ficar estressada assim, não sabia, não?
_Vai te catar, Weasley!
_Você me conhece? De onde?
_Ah, quem não conhece o amigo do santo Potter? – ela disse com desdém.
_Você é da Sonserina? - ele perguntou boquiaberto.
_Sou, e estudo em Hogwarts desde os oito. Mas você nunca percebeu, não é?
_Escuta, quantos anos você tem? Dez?
Rony viu os olhos escuros da sonserina se crisparem de raiva e ela avançou sobre ele, que apenas deu um passo se afastando. Mas ela pareceu desistir no meio do caminho, e apontou a varinha para si mesma, fazendo suas vestes se tornarem verde e prata.
A boca de Ronald se abriu ainda mais ao ver a maneira sensual como o uniforme se moldou ao corpo jovem, que saiu andando sensualmente e sumiu nas portas do castelo antes que ele pudesse sequer fechar a boca.
Passou as mãos pelos cabelos e olhou a sua volta, como se não acreditasse no que lhe acontecera. No chão, algo brilhante chamou a sua atenção. Abaixou-se e segurou entre seus dedos um delicado cordão de ouro, onde um pingente em forma de coração trazia um nome gravado, mas que tipo de nome era aquele... Nunca vira antes...
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Gina chorou em seu quarto por meia hora, porém tomou sua decisão, fosse ela acertada ou não...
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Hermione e Draco estavam sentados num sofá do salão de festa:
_Será que a Gina está bem? Fiquei preocupada, ela não apareceu. – ela disse acariciando o braço do marido.
_Não se preocupe, acho que aquela ruiva entrando ali pode ser o fim da sua preocupação.
Draco disse e Hermione olhou direto para a entrada do salão comunal...
_Ah, Merlin! – Hermione disse em voz baixa e Draco riu.
_O Potter que se segure, a gatinha está na cova das serpentes...
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Pansy sorriu quando a coruja lhe entregou o pacote que esperava. A Vane definitivamente era devagar, mas fora eficiente.
Chegara no momento correto, essas semanas de anonimato ajudariam a mantê-la longe de suspeitas. Não foi difícil entrar nos aposentos do monitor chefe e colocar a mandrágora onde queria, um feitiço de desilusão seria perfeito. Porém, alimentou a planta primeiro com a amostra de sangue de Hermione, que roubara da enfermaria, e mantinha guardada a sete chaves...
Saiu rindo e sentindo-se vitoriosa...
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