Loucuras de uma mente insana
A guerra acabou. Isso eu não posso mudar. Mas há quanto tempo? Minha mente não consegue processar essa resposta. Melhor ficar de olhos fechados, a escuridão me ajuda a não pensar. Pensar em que? Não preciso pensar, por mais que pense as grades dessa prisão não se movem. Elas se moverem a tempos atrás. Quanto me trouxeram pra cá. Eu gostei, não é tão sujo, e nem tão desagradável quanto aquela primeira cela á que me levaram. Mas o branco me irrita. Nunca gostei de branco.
Prefiro verde. Verde com prata. Ou seria verde e branco? Prata! Sim, prata é sempre melhor. Meu quarto na mansão Malfoy, tem essas cores. Não interessa, mas a verdade é que sinto falta daquele ambiente, cercado por magia negra e o odor de poções. Nesse momento de lucidez, queria saber onde estão todos. O que foi feito de tantas vidas? A guerra machucou, feriu. Fez muitos sangrarem. Alguns se recuperaram cedo. Outros como eu ainda jazem por ai. Loucos. Insanos. Como eu? Tenho vontade de rir, rir bem alto. Eu Draco Malfoy, aqui, num quarto de hospício, tudo muito branco. O cheiro de desinfetante me dá náuseas. Mas sinto vontade de rir por isso também. Se eu saísse daqui um dia, para onde iria? Quem me receberia? A mansão Malfoy não é mais meu lar, desde que meu pai me deserdou antes da batalha final. Por quê? Por que foi mesmo? Ah não importa, o Voldemord os matou mesmo, aos dois, papai e mamãe mortos. Só sobrevivi, porque havia sido expulso, escorraçado. Ah sim. Porque eu disse que estava apaixonado. Apaixonado pela sangue-ruim. Que falta de modos para um menino Malfoy! Malfoys não deviam amar, não deviam gostar, não deviam cuidar. Mas eu simplesmente a queria bem, e saber que durante a guerra eu deveria persegui-la me deixou louco! Aquele foi o verdadeiro inicio da minha insanidade. Eu a observei durante anos. Queria a vingança, pelo soco do terceiro ano. Mas me peguei reparando no seu trejeito delicado, não era pobre e sem classe. Era delicado, único. Passei a andar atrás das portas, para ouvir a voz dela, e ela sabia, ela me perseguia. Ou eu a perseguia? Não sei, mas sempre estávamos lá. Um perto do outro. No dia que ela derrubou uns livros em cima de mim, queria estupora-la. Mas apenas a aconcheguei em meus braços, e senti o seu perfume. E eu a amei, meu coração palpitou e eu soube que estava perdido. E ela também sabia. A diferença. Ela estava do lado certo do rio. As águas do destino a levariam para uma vida útil, ao lado do inútil do Weasley. E a mim, acabaria aqui, eu sabia, sabia por que, embora o meu coração estivesse aceso de paixão, a marca negra queimava em minha pele, me mostrando que ela jamais poderia ser minha. Tentei me aproximar dela. Mas muitos feitiços me atingiam, eu só queria poder me desculpar. Não, não era isso, sou um Malfoy e jamais pediria desculpa a seres inferiores. Mas eu queria sentia-la. Segurá-la. Talvez machucar aquela pele bonita. Emaranhar meus dedos naqueles cabelos crespos e volumosos. Queria ter tido a chance de fazê-la sangrar pelas minhas mãos. Acho que também faria amor com ela, a faria deitar em meus lençóis de seda negros, nua, como um delicioso prêmio. Premio que o Weasley roubou de mim. Ela ara minha, e ele a roubou. Acho que a quero de volta. Não sei se teria forças, certamente ela lutaria para não ficar embaixo de mim, mas estou tão fraco, posso ver os ossos das minhas costelas. Não gosto de tomar banho. Nessa hora vejo os meus ossos saltando sobre a pele. Tão diferente do que um dia eu fui. E do que eu jamais serei novamente. Ainda bem que o quarto não está tão vazio, em Askaban ela não podia entrar, mas desde que me declararam insano, ela vem me ver. Sim, ela deixa o paspalho do marido, e vem e fica ao meu lado. Ao menos um segundo. Sei que ela fica. Ela cuida dos meus cabelos e me canta uma canção, enquanto eu a chamo de sangue-ruim. Isso não muda. Nada muda. Ela sempre será inferior. Uma inferior livre. Livre. Livre. Vou gritar ate perder a voz. Hoje não quero banho, não quero comer, não quero vê-la, hoje quero ser simplesmente livreeeeeeee.
- Doutor, posso medicar o paciente do quarto 112? Ele está agitado, e não deixa os outros dormirem. Esta falando em voz alta há horas, e faz uns dez minutos que está gritando.
- Pode sim, irmã Klarice. A partir de amanhã começaremos uma medicação nova. Mais forte. Ele às vezes me parece tão bem. Mas em momentos toda a lucidez foge de seu alcance.
- É uma pena um rapaz tão bonito! Jovem! Com uma vida pela frente. Podia ter filhos, uma esposa.
-É Irmã, mas o destino não foi generoso com ele. Mas vamos rezar para que a alma dele encontre um descanso, mesmo que seja em sua imaginação.
Não... esses enfermeiros idiotas, não vão me aplicar nada. Nada! Não vou deixar. E você porque esta segurando a minha garota? Solta ela. Solte a sangue ruim agora. Que inferno, se machucarem ela, eu mato vocês entenderam? Eu mato. Matoooo. Quase derrubei vocês não é? Eu adoro isso, chame mais alguns porque só dois não vão dar conta. Se machucarem a minha Hermione... não a machuquem por favor... por favor...essa porra desse medicamento na veia dói. Não podem me machucar sou um Malfoy, isso dói. Vá embora. Tirem ela daqui. Tirem. Não posso ouvir a voz dela. Ela esta me falando de nós. Do que nunca viveremos, da felicidade que nunca sentiremos. E dos filhos que jamais teremos. Vá embora sangue-ruim. Eu a odeio. Sai daqui. Sai da minha mente. Deixe-me apenas com o branco. O branco dessas paredes vazias. Sai.. sai.. sai sangue-ruim, sai da minha mente e do meu coração!
A Irmã Klarice,estava suada, nunca era fácil medicar um paciente agressivo, mas agora ele choramingava ainda em seus devaneios. E ela se pôs a pensar sobre quem era Hermione, e quem era sangue-ruim. A próxima vez que aquela moça bonita de olhos achocolatados aparecesse para visitá-lo, ela se lembraria de perguntar...
***
Nota/ Autora: Bom, devaneios meus ou dele, nem sei. Ando ausente, mas escrever ainda é algo que salva a minha alma de toda a podridão desse mundo! Então, eis aqui mais uma insanidade minha! Beijos espero que gostem.
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