Textos que podem conter conotação sexual, palavras, atos e cenas descritivas de violência e sexo. Só leia se for maior de idade.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Miedo - Considere-me um dom




Considere-me um dom

Ela se deitou em sua cama, no escuro, a respiração suave a pontuar o silêncio; mas junto à respiração o pânico. Ela repetia o incidente de mais cedo em sua cabeça repetidamente. O braço de Draco contra sua garganta. Vadia. Repetiu o que disse. Mestre. Coração cheio de medo, repulsa e vergonha.


 "Quando você é abusado por  alguém, você se torna um objeto para seu prazer. Eles tratam você como se você não valesse nada, e você se sente inútil. Totalmente inútil. Você deixa de amar a si mesmo. Essa é a conseqüência terrível de abuso."

A frase flutuou em sua mente por um bom tempo. Ela não conseguia se lembrar onde tinha ouvido. Lembrou-se da voz do locutor, trêmulo e cheio de lágrimas, tão cheio de verdade e de dor, eloqüente, subindo para o coração de seu público, trazendo lágrimas aos seus olhos. Então aquela voz transformada em pura emoção de um soluço, sendo levado, escondido atrás de uma cortina. Nunca para ser ouvido de novo? A pergunta pairava no


*** 


Draco andava de um lado para o outro em seu quarto como um animal enjaulado. Um estúpido de um animal. Ele se sentou na cama, estava nervoso. Abruptamente, levantou-se e caminhou até a parede, encostou-se nela, virando-se, socou-a com o punho fechado.


_Droga! – Ele cuspiu a palavra para fora, sacudindo a mão dolorosamente.   


Sentia-se tão frustrado e cheio de confusão e indecisão. Que porra é essa que ele tinha acabado de fazer? Bem, o que a cadela tinha merecido. Como ela ousa falar com ele desse jeito? Ela estava pedindo por isso, dizendo essas coisas. Então, por que ele se sentia como um burro? Sua missão para entender Hermione não estava indo como planejado. Até agora o que ele tinha conseguido? Ganhando sua confiança. Traindo-a, machucando-a e assustando-a.


_Vamos, idiota! Pense. – Ele perfurou a parede novamente (ou pelo menos tentou). – E o que mais você sabe sobre ela? – Ele indagou a si mesmo, começando a enumerar os fatos. – Um pouco sobre a sua situação em casa. Que ela não gostava de ser um “bem”. Que ela tinha pavor de homens. Que ela não gostou de ser uma propriedade dele. Que ela tinha um humor mordaz. Todas as coisas que ele poderia facilmente ter deduzido, sem qualquer contato. Malfoy 0-1 Granger.


Malfoy desabou em sua cama e colocou as mãos sobre o rosto. Que diabos! Ele estava tentando e não estava conseguindo. Esta não foi uma dedução aceitável. Porra! Ele jurou conhece-la até o final do ano. Como parte de sua honra haveria de saber. Ela viria a ser exatamente como o resto deles, vazio e sem valor. Mas de alguma forma o pensamento não o confortou tanto como ele estava a acostumado, e ele caiu no sono com um sentimento amargo invadindo e ocupando seu coração.


 ***
Rony virou-se na cama assim que seu rosto foi banhado pelo feixe de luz através das cortinas de sua cama, murmurando algo incoerente. Ele estava esgotado. Ele tinha gasto tanto tempo “monitorando” Esmée que mal teve tempo para trabalhar em seus próprios estudos e, freqüentemente, puxado por uma noite intensa de patrulhamento ele não conseguiu dormir muito. Ele puxou o cobertor sobre a cabeça e se aconchegou em seu travesseiro, sorrindo.

Esmée valeu a pena.

Ele apenas começou a divagar em um sonho lindo de brincar na neve com ela, na frente de todos, sem ter que esconder o seu relacionamento, quando um barulho de argolar correndo por trilhos o puxou dos profundezas de seus sonhos.


Harry enfiou a cabeça em torno da cortina. E, em seguida, puxou-a, abrindo ambas as partes com um floreio, deixando uma inundação de luz entrar.


_O sol já raiou, Rony! – Harry chamou alegremente, chacoalhando uma protuberância na cama que ele presumiu ser Rony.

_Vá embora, Harry. 'Muito... cansado”. – Rony gemeu.

_Sim, mas lembra que dia é hoje?
Nós teremos uma grande partida de Quadribol hoje! Então, nós temos que levantar-se cedo e praticar! Vamos Rony, somos nós contra a Sonserina. E vamos acabar com eles este ano! – Harry ergueu os punhos de Rony e puxou-o para fora da cama.

_Droga, Harry! Pelo amor de Merlin, que horas são? – Rony choramingou impotente quando Harry arrastou-o em uma posição sentada e lançou um uniforme de Quadribol no colo dele.


_Pare de tagarelar e reclamar um pouco, e vá escovar os dentes, você está com um bafo abominável. – Harry bateu o pé para continuar a mostrar a sua impaciência.

_Tudo bem, senhor Mandão. – Rony resmungou, correndo para o banheiro quando Harry levantou um chinelo ameaçador e atirou nele. – Errou. – Rony ainda zombou antes de entrar de vez no banheiro.

Dentro de dez minutos eles estavam indo em direção ao campo, no orvalho da manhã fria, com suas vassouras em seus ombros.

***

Hermione viu os meninos a partir da janela da torre, e desejou-lhes boa sorte. Ela estava sentada, dormente do frio, por mais horas do que ela conseguia se lembrar. Ela tinha acordado de um sono inquieto e quente no meio da noite, e subiu para
a janela para olhar as estrelas e se refrescar. E ela tinha visto como as estrelas desapareceram, sucumbindo ao brilho intenso do sol. Ela estava com a testa apoiada contra o vidro e uma expressão aturdida no rosto. Mas a visão dos meninos que atravessaram o jardim a trouxe rapidamente de volta à realidade.

Ela pulou da janela com cautela, sentindo a dor aguda em todos os seus membros no momento do impacto com o chão de pedra fria. Ela caminhou com firmeza até o banheiro e olhou para seu reflexo. Havia uma grande mancha vermelha de onde ela tinha descansado a testa no vidro. E, infelizmente, também havia marcas azuis no pescoço onde Draco lhe dera uma lição na noite anterior. Ela suspirou e tirou a varinha das vestes. As contusões causadas por Don haviam desaparecido, mas agora ela estava recebendo novas.

Embora ela estivesse cansada desse feitiço, e lutando para encontrar desculpas para a marca ocasional que ela recebeu, de uma maneira ou de outra ela amava hematomas, cortes e cicatrizes. Os azuis, roxos e vermelhos que decoravam seu corpo pálido pareciam quase bonitas. E aliviava a solidão de estar tão completamente sozinha... Pelo menos ‘elas’sabiam. Elas sabiam sobre ela, e sobre Don, e agora, sobre Draco. Elas contavam a sua história. E mesmo se ela tivesse que cobri-las para impedir de revelar a história para os outros, era reconfortante saber que elas estavam lá. Partilhando toda a dor que a castanha sentia. Um lembrete constante de quem ela era.

***

Em Hogwarts, o café da manhã era sempre muito barulhento, porque parecia que, em contradição com a crença popular, os alunos acordavam elétricos. Ou talvez gostassem mais de ser pessoas hiperativas, sofrendo com a falta de sono. A hora do rush no café da manhã às vezes chegava a ser insuportável. Você toma banho, se veste, pega os livros e desce, senta, conversa e ri com seus amigos. E então, no início de sua segunda aula, ou talvez no meio, se você tiver sorte, quando você começou a se acostumar estar fora da cama, já bate o cansaço. Pela hora do almoço, chega se arrastando sobre os pés, bocejando e piscando confusamente. Engole precariamente a gororoba, que por sinal ta muito boa, e sai correndo de novo para próxima aula. E assim vai... Dia após dia.

Mas agora a salão estava um alvoroço com as pessoas alegremente devorando croissants, ovos ou salsichas, ou o que quer que estivesse na mesa. Harry e Rony entraram respirando com dificuldade e com um pouco de neve derretida sobre os seus ombros, e sorrisos radiantes em seus rostos, e Hermione em seus calcanhares.


_Vocês não sabiam que não se deve sair e praticar exercícios físicos, sem ao menos ter ingerido alguma coisa? Ou uma barra de energia ou algo assim? Seu corpo está funcionando completamente vazio de manhã. É perigoso com Quadribol, e crescendo do jeito que estão garotos pode ser perigoso. Banana é uma ótima fonte de proteína. Mas, vocês realmente não me levam a sério aqui. E eu aposto que vocês não beberam água antes, não é? Você sabia que o corpo humano requer oito copos de água por dia para a reconstituição e hidratação do corpo?  É uma maravilha que vocês não estejam morrendo de desidratação. – Ela olhou um pouco seca para ambos os amigos! Honestamente, eu... – Hermione fez uma pausa para tomar fôlego e Harry agarrou a chance de ouro para cortar o falatório da amiga.

_Ouça Hermione, nós estamos muito bem. Ok? Vamos tomar água, e comer bananas da próxima vez, e tomar varias garrafas de suco. Prometo.

_Bem, ok. Só não se esqueça. Se você desmaiar lá em cima você tem um longo caminho até o chão. – Hermione ergueu as sobrancelhas em advertência, quando ela se sentou entre os dois, e serviu-se de um copo de suco. Ela olhou ao redor da sala casualmente e congelou quando seus olhos descansaram em Draco.


Sentia-se entorpecida pelo cansaço e pelo frio que tinha começado ontem à noite, mas uma onda de frio ainda maior abatera sobre ela na visão dele. Estava exausta para pensar sobre a noite passada, ou sobre as emoções que estava sentindo, exceto o medo.

Ela ainda estava observando-o, quando ele olhou para cima, sentindo os olhos castanhos sobre ele. Ele não deu nenhum sorriso, ou levantou as sobrancelhas com altivez, nem nada. Ele parecia tão desnorteado pelos acontecimentos da noite anterior, que os círculos escuros sob seus
olhos indicaram que não tinha dormido muito também. Sua expressão não era o cuidado em branco que tantas vezes lhe apresentou, mas um monitor subterrâneo de cansaço e, talvez culpa?

Hermione não percebeu que seu suco estava derramando sobre a parte superior do copo até que Gina gritou:


_Mione! – Seu suco está transbordando!


Com um susto sutil, Hermione depositou a jarra de volta na mesa e olhou com espanto o suco que tinha inundado a toalha e derramado em seu colo. Os outros grifinórios riram com simpatia e Gina lhe entregou um guardanapo, mas foi inútil, ela teve que ir mudar suas vestes. Ela se levantou e deixou o grande salão. Suspirou cansadamente quando imaginou o longo caminho que teria que fazer até seu quarto.


_Que maravilha!!


Outro passeio pelas escadas até seu dormitório. Ela mal deu dez passos, porta afora, quando ouviu passos que a perseguiam.

E é claro que ela realmente não tinha que adivinhar a quem pertenciam. Ela parou e virou-se para Malfoy.

_Mestre, você está precisando de alguma coisa? – Ela perguntou educadamente. Mas só ela sabia o que lhe custava pronunciar aquelas palavras.

_Sim – ele estava nervoso. – E não me chame de mestre. – Draco agarrou um braço dela e a levou para um desses corredores desertos que sempre pareciam ser tão úteis quando se precisavam deles.

_Mas ontem à noite você disse... – Hermione foi cortada abruptamente. Draco parou momentaneamente de andar.

_Esqueça a noite passada. Você não vê? Eu fui um estupidoidiotacretinobestaquadrada... – Draco estava murmurando em seu próprio peito, a cabeça loura inclinada.

_Humm. Mestre? – Ela o chamou tentando fazer com que ele a olhasse. – Você vai ter que falar...

_Não me chame de mestre, eu já disse. Que inferno! Sinto muito sobre a noite passada, ok? Eu não deveria agir daquela forma com você. Então, sinto muito. – Draco olhou para o rosto dela, uma centelha de esperança em seus olhos.

_Bem, obrigado... Eu acho que Ma-Malfoy. – Hermione balbuciou, sem saber o que dizer. A noite passada tinha sido normal... Ele mal havia castigado ela da maneira que seu tio Don castigava. Com ele teria sido algo fora do normal.. – Lamento muito não ter lhe obedecido, e por ser rude...

_Bem – ele a interrompeu novamente. – Hermione, você não tem que me obedecer... Basta me chamar de Draco. Ok? Apenas Draco.

­_Draco. – Ela repetiu depois dele suavemente, sua voz quase um sussurro.

_Eu não quero ser seu mestre ... eu ... eu quero ... – Draco ficou desamparado. Ele não sabia o que queria. Hermione ergueu o medalhão esperando, com os olhos brilhando por causa das lágrimas. Ele chegou mais perto, levando a medalha nas mãos. Mas em vez de tirá-lo dela usou para puxá-la suavemente para ele e beijá-la com ternura. Seus lábios estavam persuadindo, articulando. Ele a sentiu relaxar no beijo, mas ele sabia instintivamente o sabor da derrota em seus lábios, não submissão intencional. Ele se afastou. – Eu só quero você... Hermione. – Ele sorriu, tentando retratar a ela seu sentimento de desejo absoluto, transcendendo cobiça ou paixão. Ele queria tudo sobre ela, seu sorriso, seus pensamentos, seus hábitos ...

Ele observou que o brilho que tinha havia em seus olhos apenas alguns segundos atrás, foi abruptamente desaparecendo. As janelas de sua alma se fecharam, com os olhos escurecidos pela dor. Ela se inclinou para ele, descansando a cabeça suavemente em seu peito. Seus braços o envolveram, e ela, tentou sugar o conforto e a força que ele pudesse lhe oferecer nesse momento, tendo seu corpo grudado no dela.

_Draco, apenas me leve. Por favor. Eu sou sua. Considere-me um dom. De Hermione a você. Faça o que quiser de mim. Vamos acabar com isso. Por favor. Por favor, por favor, por favor. Estou cansada. – Hermione fechou os olhos, esperando a qualquer momento para ser jogada contra a parede, espancada e abusada de outra forma. O que ela sentia em vez disso foi o toque suave das mãos de Draco contra o rosto, virando-a para que ela encarasse o dele.

_Obrigado. Sonserina estará jogando amanhã contra Grifinória. Seja lá qual for o resultado. Torcerá para mim, ok? – Draco perguntou, sorrindo ligeiramente. Hermione respirou profundamente, cheirando o perfume que ela sempre amou secretamente.

_Ok. – Ela prometeu simplesmente. – Você vai agora? – Ela perguntou, parecendo quase arrependida de ter feito a pergunta. De repente, ela se sentia segura em seus braços, mas até sua mente se lembrar que ele era como Don.

_Sim, nós temos aula, lembra-se Sabe-Tudo? – Draco sorriu e Hermione chegou a beijar-lhe antes de se separarem.

_Hermione, nunca me beije a menos que você queira. Entendeu? – Ele disse. Ela pareceu, de repente, ofendida quando ele percebeu que ela estava novamente tentando acalmar ele. Ela assentiu e ele gentilmente deixá-la ir, acariciou seu rosto com a mão uma última vez antes de deixá-la. Ele caminhou para os corredores apinhados de estudantes calmamente. Hermione tocou uma mão no local em que ele deslizou a ponta dos dedos e a outra levou aos lábios. Então, descobriu por si mesma um dom de Draco Malfoy. Qual seria o próximo? Para sua surpresa, Hermione sentiu-se quase ... ansiosa para ver o que iria acontecer.


No dia seguinte ela estaria torcendo pela sua casa e por um jogador em especial. Draco Malfoy.
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